Em meados de junho, a CNC (Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo) projetou a retomada do volume de receitas pré-pandemia para o turismo para o terceiro trimestre de 2022. Entretanto, os resultados vieram antes do esperado. Após 27 meses, o setor alcançou, em maio, o mesmo nível de 2019.

Com o avanço de 2,6% no período, de acordo com dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), o saldo positivo, em plena baixa temporada, levou a CNC a revisar a expectativa de crescimento anual do turismo de 2,8% para 3,5%.

Segundo a entidade, essa reação tem se refletido no mercado de trabalho. Depois que a redução das atividades levou o setor a eliminar 529,2 mil vagas formais, um encolhimento equivalente a 15% da força de trabalho no segmento, recuperou 319,2 mil vagas entre outubro de 2020 e maio de 2022.

No período, os destaques subsetoriais ficaram por conta das aberturas líquidas de oportunidades nas atividades de bares e restaurantes (+240,1 mil) e serviços de hospedagem (+63,5 mil). A expectativa da CNC é que o turismo brasileiro também restabeleça o nível de ocupação do período pré-pandemia a partir do início do período de contratações para a próxima alta temporada, encerrando 2022 com 314,6 mil postos de trabalho criados.

O presidente da CNC, José Roberto Tadros, lembra que a pandemia provocou prejuízos significativos para o turismo brasileiro. Apesar de os cálculos baseados nos números do IBGE indicarem perda acumulada de R$ 254,5 bilhões em relação ao nível pré-pandemia, a perda referente ao potencial de geração de receitas, considerando a tendência de crescimento que o setor apresentava antes do início da crise sanitária, foi ainda maior, de R$ 517,7 bilhões.

Diante disso, Tadros comemora as projeções. “Apesar do aumento recente de casos de covid-19, o fato de mais de 83% da população acima de cinco anos estar vacinada reduz significativamente a possibilidade de novas medidas restritivas, como aquelas implementadas em 2020 e início de 2021. O cenário é favorável para que o turismo avance no caminho da recuperação”, avalia.

Serviços em crescimento

O sentimento de maior segurança em relação ao avanço do coronavírus também impactou positivamente o setor de serviços em maio, que registrou ganhos 8,4% acima do nível pré-pandemia. Os números da PMS apontaram um crescimento de 0,9% no volume de receitas do setor, em relação ao mês anterior, e de 9,2%, na comparação com maio de 2021, a 15ª expansão anual consecutiva. Os cinco grupos de atividades abordados na PMS apresentaram avanços mensais, destacando-se os serviços prestados às famílias (+1,9%) e os serviços profissionais e administrativos (+1,0%).

O economista da CNC responsável pela pesquisa, Fabio Bentes, destaca que, diante do panorama mais favorável, a entidade revisou a previsão para a variação do volume de receitas do setor em 2022. A perspectiva anterior era de crescimento de 1,6% em relação a 2021 e subiu para 1,9%. “Apesar da aceleração de preços, a expectativa é positiva, tendo em vista a provável aprovação da PEC 16 e os consequentes recursos injetados na economia”, afirma.

(*) Crédito da foto: Felipe Dias/Unsplash