A CNC (Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo) revisou de 3,5% para 4,3% a expectativa de crescimento do turismo em relação ao ano passado, por conta da tendência de atendimento à demanda reprimida nos últimos anos. A perspectiva é de que o setor restabeleça o nível de ocupação do período pré-pandemia. a partir do início do período de contratações para a próxima alta temporada, encerrando 2022 com 319,4 mil postos de trabalho criados.

Já para o setor de serviços, a despeito da aceleração de preços, a entidade revisou de 1,9% para 2,5% a previsão de alta do volume de receitas deste ano em relação a 2021. Em junho, o crescimento foi de 0,7% frente ao mês anterior, já descontados os efeitos sazonais, de acordo com pesquisa divulgada hoje (11) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Em relação ao mesmo mês do ano anterior, o avanço foi de 6,3%.

O maior destaque do período são os avanços nos serviços gerais prestados às famílias (3%), transportes terrestres (2,4%) e serviços técnico-profissionais (2,2%). “Além da volta da circulação normal das pessoas após a pandemia, que tem impulsionado essas atividades desde a segunda metade do ano passado, os preços dos serviços ainda não sofreram todo o choque esperado, mesmo tendo acelerado significativamente nos últimos meses”, diz José Roberto Tadros, presidente da CNC.

Para um cenário de IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) de 11,9% no acumulado de 12 meses até junho, o grupo “serviços” relatava variação de 8,7%. “Apesar de ter sido um dos mais atingidos pelas consequências econômicas decorrentes da pandemia, quando comparado aos demais setores da economia, o setor de serviços apresenta atualmente crescimento de 7%, o maior em relação ao nível de atividade verificado antes da crise sanitária”, completa.

Voos retomam gradualmente, apesar de aumento das passagens

Fabio Bentes, economista da CNC responsável pela pesquisa, explica que, após restabelecer o volume de receitas em maio, o turismo ainda segue com expectativas favoráveis, principalmente levando-se em consideração o potencial de regeneração do fluxo de visitantes no Brasil.

Tomando como indicador o fluxo de aeronaves, nos 10 principais aeroportos do país – responsáveis por quase sete em cada dez voos diários -, após queda de 89% durante a pandemia, iniciou-se um consistente processo de recuperação. “Esse fluxo diário ainda está 15% abaixo do observado no início de 2020, mas os aeroportos com vocação para o atendimento de demandas regionais já recuperaram o movimento habitual”, explica Bentes.

Por outro lado, a alta dos preços das passagens aéreas é um fator que vem freando a aceleração da retomada do turismo. Segundo o IPCA, houve variação de 122,4% no acumulado de 12 meses até junho.

Retomada dos postos de trabalho

Outro indício que aponta recuperação do turismo nos próximos meses é a reação do mercado formal de trabalho nessas atividades. Nos seis primeiros meses da pandemia, a queda abrupta da atividade levou o setor a eliminar 469,8 mil vagas formais, encolhimento equivalente a 12%.

Nos meses subsequentes, o setor apresentou recuperação considerável, recolocando, no acumulado de outubro de 2020 a junho de 2022, 365,1 mil dessas vagas. O destaque vai para a contratação de 271 mil profissionais nos bares e restaurantes e 67,4 mil nos serviços de hospedagem. Desde maio do ano passado, os saldos mensais entre admissões e demissões são positivos.

(*) Crédito da foto: lukasbieri/Pixabay