Apesar do avanço nos últimos meses, o nível de atividade do setor de serviços ainda está 8% abaixo do registrado antes da pandemia. Mesmo diante do avanço recente, a CNC revisou para baixo (de -6,4% para -7,6%) a previsão de faturamento do setor para este ano. Na lanterna da recuperação, o Turismo já acumula perdas de R$ 245 bilhões e deve encolher inéditos 39% em 2020.

A revisão, segundo a CNC, foi refeita após a divulgação dos dados da PMS (Pesquisa Mensal de Serviços) de outubro, do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). “Os dados de outubro mostram que teremos um longo e árduo caminho à frente para a plena recuperação dos serviços, especialmente do segmento de Turismo, que tem sido tão castigado pela pandemia”, observa José Roberto Tadros, presidente da CNC.

Uma vez confirmada esta previsão, os serviços amargarão a maior queda anual no volume de receitas da série histórica da PMS. O pior ano até então havia sido 2016 (-5%). “Para o Turismo, a tendência é que o faturamento real do setor encolha 39,1% neste ano, com perspectiva de volta ao nível pré-pandemia no segundo trimestre de 2023”, explica Fabio Bentes, economista da CNC.

CNC e os números

Segundo o IBGE, o volume de receitas do setor de serviços cresceu 1,7% de setembro a outubro, já descontados os efeitos sazonais. Em cinco meses, o setor acumulou avanço de 17,5%. De março a maio, contudo, houve queda de 19,1% no faturamento do segmento. Na comparação anual, houve variação negativa de 7,4%, a oitava retração consecutiva.

A situação mais crítica é a do setor de turismo. Segundo o IBGE, a indústria de viagens segue “na lanterna” do processo de recuperação, comparativamente aos demais setores da economia. Mesmo tendo crescido 3,6% em outubro em relação a setembro, frente à média do primeiro bimestre o volume acumula queda de 44% até outubro. Situação pior, portanto, que as observadas no volume de vendas do comércio varejista (+5%), da produção industrial (+2%) e do setor de serviços como um todo (-8%).

O contraste do turismo com os demais setores fica também evidente no nível de ocupação formal. Segundo estatísticas do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), foram eliminados 469,4 mil postos de trabalho formal no setor de março a outubro. O montante equivale a um encolhimento de 12,9% da força de trabalho total da indústria de viagens. Na média de todos os setores da economia, a variação relativa no estoque de pessoas formalmente ocupadas cedeu 0,8%.

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