O fechamento definitivo de um hotel em área nobre de São Paulo é apenas a ponta do iceberg. A crise econômica gerada pela pandemia ceifou, só no ano passado, milhares de negócios ligados ao turismo Brasil afora. Divulgado hoje (8), levantamento da CNC (Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo) aponta que essa conta chegou a 35,5 mil estabelecimentos. O setor de hospedagem foi um dos que mais sofreu, com mais de 3 mil hotéis, hostel e pousadas encerrando atividades.

O saldo negativo total dos negócios ligados ao turismo corresponde à maior perda anual desde 2016, quando o Brasil ainda sofria os efeitos da recessão. O montante representa ainda recuo de 13,9% em relação ao total de unidades em operação no ano anterior. Apesar do número elevado de hotéis fechados, o setor da economia mais afetado – e de longe – foi o de alimentação fora do lar. Ao todo, segundo a CNC, foram mais de 28 mil estabelecimentos encerrando atividades.

“Esta grave crise econômico-sanitária provocou uma retração significativa na demanda por serviços não essenciais em 2020. Infelizmente, não há, no momento, expectativas de reversão para o setor no curto prazo”, afirma José Roberto Tadros, presidente da CNC. Para ele, a única saída possível para a grave crise atual é acelerar a vacinação, para ele necessidade urgente.

CNC: mais números

A pandemia afetou estabelecimentos de todos os portes, mas os que mais sofreram perdas foram os micro (-19,28 mil) e pequenos (-11,45 mil) negócios. Juntos, eles responderam por 87% do total de pontos comerciais perdidos no último ano. Regionalmente, todas os estados apresentaram redução, com maior incidência em São Paulo (-10,9 mil), Minas Gerais (-4,1 mil), Rio de Janeiro (-3,7 mil) e Paraná (-2,6 mil).

Diretor da CNC responsável pelo Conselho Empresarial de Turismo e Hospitalidade (Cetur) da entidade, Alexandre Sampaio compara as perdas do segmento com as de outros setores da economia. “O turismo terminou 2020 com o nível de faturamento 30% abaixo do patamar verificado antes da pandemia, enquanto a indústria, por exemplo, fechou o ano passado com nível de atividade 3% acima”, diz Sampaio, reforçando a necessidade de extensão das medidas emergenciais por parte do governo.

O contraste do turismo com as demais atividades econômicas também aparece na análise do nível de ocupação formal. Segundo o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), 397 mil postos formais de trabalho foram eliminados no setor em 2020, representando encolhimento de 12,8%. Na média de todos os setores da economia, porém, a variação relativa ao estoque de pessoas formalmente ocupadas avançou 0,4% no mesmo período.

(*) Crédito da foto: Tim Mossholder/Unsplash