Se em 2020 o número de endividados foi o maior em 11 anos, 2021 começou pelo mesmo caminho. Segundo divulgado pela CNC (Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo), o percentual de brasileiros com dívidas atingiu o patamar de 66,5% em janeiro, um aumento de 0,2% em relação ao mês anterior e de 1,2% frente ao mesmo período do ano passado.

O dado é da recente edição da Peic (Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor) e leva em conta dívidas como cartão de crédito, cheque especial, empréstimo pessoal, prestações de casa e carro, carnês, crédito consignado. Trata-se do segundo aumento seguido do indicador.

José Roberto Tadros, presidente da entidade, explica que, apesar da alta, o cenário, a princípio, não é negativo, principalmente em função dos impactos da pandemia. “Temíamos uma escalada do número de inadimplentes no País. O auxílio emergencial ajudou a evitar o pior cenário, e a economia soube se reinventar na medida do possível. Mas este ano vai ser chave para observarmos o comportamento do crédito e da inadimplência”, avalia.

CNC: inadimplência controlada

A Peic de janeiro aponta ainda que o percentual de famílias com contas em atraso caiu pelo quinto mês seguido, alcançando o índice de 24,8%. Embora esteja 1 ponto percentual acima do apurado no mesmo mês do último ano, a proporção é a menor registrada desde fevereiro de 2020 – período anterior à pandemia. A parcela de famílias que declararam não ter condições de pagar suas contas também diminuiu em relação a dezembro, passando para 10,9% do total em janeiro. Há um ano, o indicador havia alcançado 9,6%.

A principal modalidade de dívidas das famílias brasileiras segue sendo o cartão de crédito, que em janeiro atingiu a máxima histórica de 80,5% do total de famílias – contra 79,4% em dezembro. Em 2020, o percentual médio de famílias endividadas no cartão foi de 78%. Também houve avanço em dívidas com crédito pessoal e carnês no primeiro mês do ano.

“Com o fim do auxílio e o atraso no calendário de vacinação, as famílias de menor renda precisarão adotar maior rigor na organização do orçamento. Essa conjuntura faz o crédito ter papel ainda mais importante na recomposição da renda. É preciso seguir ampliando o acesso aos recursos com custos mais baixos, mas também alongar os prazos de pagamento das dívidas para manter a inadimplência sob controle”, alerta Izis Ferreira, economista responsável pela pesquisa.

(*) Crédito da foto: Pixabay