Em junho, os brasileiros voltaram a mostrar interesse em consumir, ainda que de forma tímida. Após queda de 1,6% em maio, a CNC (Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo) aponta alta no ICF (Intenção de Consumo das Famílias) este mês. O indicador subiu 2,1% no período, considerando o ajuste sazonal, ficando em 67,5 pontos.

Apesar da melhora, este foi o pior junho da série histórica iniciada em 2010, com retração de 2,6% frente ao mesmo período do ano passado. De acordo com a CNC, o aquecimento do consumo acompanha a percepção positiva sobre indicadores econômicos e medidas do governo para combater a pandemia, como auxílio emergencial, entre outras iniciativas. Entretanto, a consolidação do indicador depende da normalização da circulação de pessoas nas ruas.

“Esse é mais um indicador capturado pela Confederação que mostra como a população não pode e não quer deixar de consumir. Em junho, temos uma data importante para o varejo e o setor de serviços, que é o Dia dos Namorados, que este ano voltou a ficar aquecida mesmo com a circulação afetada. Acreditamos que, com o avanço da vacinação no país, a gente possa chegar a um cenário muito mais próspero no fim do ano”, pontua José Roberto Tadros, presidente da CNC.

CNC: percepção sobre emprego

Cerca de 43,2% dos respondentes afirmam que a renda familiar piorou em relação a 2020, contra 42,9% frente ao mês anterior e 37,9% comparado a junho do ano passado. Em contrapartida, com o ajuste de sazonalidade, o índice subiu 1,5%.

Já 35,5% dos entrevistados responderam que se sentem tão seguros com os seus empregos quanto no ano passado, o maior percentual da série histórica e acima do mês anterior (34,3%) e do que em junho de 2020 (31,3%). Ao contrário de maio passado, quando o item havia sido destaque negativo, em junho o tema voltou a ser o maior marco do mês.

Catarina Carneiro da Silva, economista da CNC responsável pela pesquisa, aponta que as famílias registraram expectativas positivas sobre o mercado de trabalho tanto no curto quanto no longo prazo, o que permitiu a retomada no consumo. “A confiança no emprego é o que tem mantido as pessoas consumindo na pandemia. Quando há deterioração nas empresas, acontece um efeito dominó que impacta o orçamento das famílias e impede o acesso. O ICF tem sido um instrumento de análise bastante alinhado com essa expectativa”, resume.

(*) Crédito da foto: Pexels/Pixabay