Após registrar alta em março e voltar a cair em abril, a intenção de consumo das famílias apontou novo recuo em maio. O segundo mês mais importante para o comércio caiu 1,6% no ICF (Intenção de Consumo das Famílias), de acordo com dados da CNC (Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo). A retração foi divulgada após ajuste sazonal, alcançando 67,5 pontos, o menor nível desde agosto do ano passado.

Esta é a segunda taxa negativa consecutiva e indica o pior maio da série histórica (2010). Em relação ao mesmo período de 2020, houve retração de 17,3%. Por outro lado, a redução do indicador desta vez foi menor do que no mês anterior, sinalizando uma melhora do pessimismo das famílias. Para José Roberto Tadros, presidente da CNC, a suavização em maio acompanha o calendário de vendas do setor e atende minimamente às expectativas dos comerciantes para o Dia das Mães, segunda data mais importante do varejo brasileiro.

“De modo geral, ainda há muita desconfiança com relação à capacidade de recuperação econômica até o fim do ano. O mercado de trabalho vem amparando a resiliência do brasileiro, incentivando sua capacidade de consumo, mas mesmo as empresas encontram obstáculos. Até a imunização coletiva, não conseguiremos encerrar essa oscilação completamente”, acredita Tadros.

CNC: renda e perspectiva de consumo pioram

A ICF de maio mostrou que a maioria dos entrevistados (42,9%) considera que a sua renda piorou em relação ao ano passado, contra 41,3% no mês anterior e 31% em maio de 2020. Outro dado que impactou o indicador foi referente à perspectiva de consumo. A maior parte das famílias acredita que vai consumir menos nos próximos três meses: 58,1%, a maior parcela desde outubro de 2020. Este percentual ficou acima dos 56,5% no mês anterior e dos 50,9% observados em maio de 2020.

Mais uma vez, a maior parte dos entrevistados (34,3%) respondeu que se sente tão segura com seu emprego quanto no ano passado, proporção maior do que no mês anterior (33,2%) e do que em maio passado (30,2%). Catarina Carneiro da Silva, economista da CNC responsável pela pesquisa, explica, porém, que a perspectiva profissional aparece entre os pontos de preocupação apontados pelas famílias. O subitem referente ao tema foi o que apresentou a redução mais alta no mês (-4,4%).

“Mesmo com a suavização na queda do indicador, foi possível observar a desconfiança das famílias em relação à economia e mesmo diante do mercado de trabalho, bem como da riqueza gerada por ele. Ainda que em menor intensidade, essa redução levou as famílias a reavaliarem as suas percepções de longo prazo”, aponta a economista.

(*) Crédito da foto: belart84/Unsplash