Dados recentes divulgados pela CNC (Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo), que observou endividamento de 74% das famílias brasileiras, apontaram que o ICF (Intenção de Consumo das Famílias) apresentou crescimento mensal nulo em outubro, atingindo 73,2 pontos após quatro meses consecutivos de alta. Com isso, o índice permanece abaixo do nível de satisfação (100 pontos), fato que vem ocorrendo desde abril de 2015.

Apesar da estabilidade no mês, os dados da entidade mostram que este é o maior nível do ICF desde março deste ano, quando registrou 73,8 pontos. O índice superou também os 68,7 pontos registrados no mesmo período de 2020.

Outros dois subíndices também apresentaram as primeiras quedas após quatro meses de crescimento e comportamentos semelhantes. O Nível de Consumo Atual, por exemplo, retraiu 0,4% frente ao mês anterior, além de variação anual positiva de 12%. Dessa forma, o indicador alcançou 58,0 pontos, o maior desde maio de 2020.

Já o subíndice Perspectiva de Consumo apresentou queda de 1,8% em relação ao mês anterior, além de crescimento de 19,6% frente a igual período de 2020. O resultado foi o mais positivo entre as comparações anuais do estudo.

CNC: presidente aponta perspectiva favorável

De acordo com José Roberto Tadros, presidente da CNC, é possível é observar uma perspectiva mais positiva em relação ao consumo para os próximos meses. Ainda assim, ele chama a atenção para as quedas observadas nos subíndices, proporcionadas pelo cenário econômico de incertezas.

“As incertezas econômicas, com a inflação e a alta dos juros, reduzem o poder de compra. No entanto, apesar dessas dificuldades, o consumo deve seguir avançando em relação ao ano passado”, pontuou.

Diferentemente do consumo, que tem gerado preocupação devido à instabilidade econômica, o estudo da confederação apontou melhor percepção do mercado de trabalho. O indicador Emprego Atual obteve crescimento mensal de 1,7% em outubro, a maior taxa do mês. A variação anual também foi positiva, de 6,4%. O nível atingido pelo indicador (91,4 pontos) o manteve como o maior desde maio do ano passado, que atingiu 101,7.

Para Catarina Carneiro da Silva, economista responsável pela pesquisa, os dados revelam continuação da confiança das famílias em relação ao mercado de trabalho para os próximos seis meses. “Em ambos os casos, houve melhora no perfil das respostas das famílias. Elas estão mais seguras em relação aos seus empregos em curto prazo e menos negativas quanto aos seus empregos em longo prazo”, disse.

(*) Crédito da foto: Engin_Akyurt/Pixabay