Apesar do cenário de alta da inflação e dos juros, o ICF (Intenção de Consumo das Famílias) registrou a quinta alta consecutiva em maio deste ano. De acordo com levantamento divulgado pela CNC (Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo), o indicador – que voltou a subir em janeiro deste ano – avançou 4,4% no período em relação ao mês anterior, chegando a 79,5 pontos.

Embora o resultado ainda esteja abaixo do nível de satisfação (100 pontos), esse é o maior patamar desde maio de 2020, com crescimento de 17,7% na comparação anual. Todos os componentes do ICF tiveram alta no período, com destaque para Emprego Atual, que alcançou 105,8 pontos, com variação mensal positiva de 4,1%.

José Roberto Tadros, presidente da CNC, afirma que os dados têm apontado geração líquida contínua de vagas no mercado de trabalho, o que ocasiona esse resultado. “Desde agosto do ano passado, as famílias vêm se sentindo cada vez mais seguras nos seus empregos e têm percebido melhora em seus rendimentos, devido ao crescimento das contratações no mercado de trabalho formal”, afirma.

Ele destaca ainda que isso pode ser percebido pelo aumento das famílias que consideraram a renda melhor do que há um ano, atingindo 24,5%, a maior proporção desde maio de 2020 (28,6%). Por outro lado, mesmo com melhor percepção sobre o nível de emprego, a análise indica cautela quanto à perspectiva de consumo no curto prazo, com aumento de 47,8% para 48,0% da parcela de famílias que pretendem reduzir suas compras nos próximos três meses.

Avanço nos dois grupos de renda

No recorte por renda, os dados da CNC mostram que as famílias que ganham até dez salários mínimos tiveram aumento mensal de 4,8% na intenção de consumo, chegando a 76,3 pontos, enquanto nas que ganham acima de dez salários mínimos, o avanço observado foi de 2,8%, alcançando 94,8 pontos. Na comparação com maio de 2021, os dois grupos apresentaram incremento de 18,5% e 15,3%, respectivamente.

Catarina Carneiro da Silva, economista responsável pela pesquisa, alerta que ambos os índices se encontram abaixo do nível de satisfação, com destaque para as famílias de menor renda, devido ao maior impacto das altas de preço de itens básicos em seus orçamentos.

“Os números, contudo, revelam que a parcela da população com ganhos inferiores possui maior expectativa sobre a desaceleração da inflação nos próximos meses”, finaliza.

(*) Crédito da foto: Tumisu/Pixabay