Em outubro, o número de brasileiros endividados seguiu crescendo, mesmo que em ritmo menos acelerado, de acordo com e Peic (Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor), realizada pela CNC (Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo). Segundo dados do levantamento no período, 74,6% das famílias relataram ter dívidas a vencer. Neste mês, a entidade também observou estagnação do ICF (Intenção de Consumo das Famílias).

O resultado, 11º aumento seguido, representa alta de 0,6 ponto percentual em relação a setembro, e de 8,1 pontos na comparação com o mesmo período de 2020, fazendo desse o segundo maior crescimento anual da série histórica.

A redução da dinâmica na contratação de dívidas se deve, em boa parte, à alta recente dos juros. Com isso, o percentual de endividamento em outubro foi menor que o dos meses anteriores, que apresentavam, em média, alta de 1,5 ponto.

Por outro lado, o índice de famílias inadimplentes reduziu em relação ao mesmo período do ano passado. Segundo a CNC, o percentual de famílias com contas atraso atingiu 25,6%, ficando 0,1 ponto abaixo do registrado no mês anterior e 0,5 em relação a outubro de 2020.

O percentual de pessoas que afirmaram não ter condições de pagar suas dívidas também registrou queda. O índice reduziu de 10,3% para 10,1% na passagem mensal e 1,8 ponto na comparação anual.

Para José Roberto Tadros, presidente da CNC, o controle relativo da taxa de inadimplência no atual cenário econômico impressiona. “A inflação corrente elevada e disseminada tem deteriorado os orçamentos domésticos e diminuído o poder de compra das famílias, em especial na faixa de menor renda. Os números demonstram os esforços em manter os compromissos financeiros em dia, com renegociação e melhor controle de gastos”, analisa.

CNC: consumidores buscam alongar prazos

Ainda de acordo com a pesquisa, o aumento do tempo de comprometimento também aponta maior intenção em saldar as dívidas, segundo Izis Ferreira, economista responsável pela Peic, cujos dados mostram que a proporção de famílias endividadas por mais de um ano é crescente desde o fim do primeiro trimestre, atingindo a máxima histórica de 35,8%.

“É um indício de que os consumidores estão buscando alongar os prazos de pagamento de suas dívidas para que a parcela caiba nos orçamentos e, assim, evitar a inadimplência”, destaca.

A economista também observa que o número de famílias com dívidas no cartão de crédito segue avançando, atingindo 84,9% no total de dívidas contratadas. O resultado, maior incremento anual da série histórica do indicador, representa aumento de 6,4 pontos em relação a outubro de 2020. Comparado a 2019, o aumento é de 6 pontos, com carnês de lojas e financiamento automotivo respondendo por boa parte das dívidas.

(*) Crédito da foto: Unsplash