Pelo terceiro mês consecutivo, a ICF (Intenção de Consumo das Famílias) continua garantindo expectativas otimistas para 2022. De acordo com a CNC (Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo), o índice cresceu em 1,8% em março, atingindo 78,1 pontos. O número conta com alta de 5,9% na comparação anual e é o maior desde maio de 2020 (81,7).

Assim como em janeiro, o Emprego Atual é destaque entre os subíndices avaliados, atingindo 102 pontos. Com isso, ele é o primeiro item a voltar a ser considerado satisfatório pelos consumidores (100). Ainda que o ICF permaneça abaixo do nível desde abril de 2015 (102,9), seis dos sete indicadores apresentaram melhora.

Para o presidente da CNC, José Roberto Tadros, os dados apontam que a recuperação do mercado de trabalho foi crucial para os resultados positivos, influenciando também a melhora de 3,2% na percepção sobre a Renda Atual. “Com maiores chances de emprego, consequentemente, os consumidores passaram a ter mais acesso à renda. Esse processo levou a um aumento do percentual de famílias que consideraram sua renda melhor do que no ano passado”.

Índices ICF-Gráfico

Cenário favorável para consumo

Apesar dos impactos da ascensão da Selic nos últimos meses, o item Acesso ao Crédito apresentou recuperação de 1%. “Mesmo com as famílias ainda considerando, em sua maior parte, dificuldade de ter acesso ao crédito, o segundo aumento seguido desse componente aponta que a renda mais equilibrada e maior confiança na manutenção do emprego proporcionam condições de consumo favoráveis o suficiente para compensar esse desafio”, avalia Catarina Carneiro da Silva, economista responsável pela pesquisa.

Segundo a economista, esse fator também impacta a compra de bens duráveis. “São itens que costumam ser adquiridos por meio de parcelamento, já que têm custos mais altos. Momento para Compras de Duráveis, que vinha em queda nos últimos meses, apresentou, em março, seu primeiro crescimento (+0.8%)”. Ainda assim, o indicador continua sendo o mais baixo da pesquisa, com 42,4 pontos.

Ainda assim, as incertezas em relação ao futuro, com os futuros impactos da guerra e a conturbada realidade econômica do país, provocaram queda de 1,2% em Perspectiva de Consumo. O que se espera é que as famílias sejam mais cautelosas nos próximos meses.

Recortes

Quanto à faixa de renda, a CNC avalia que famílias com ganhos acima de dez salários mínimos o indicador de satisfação registrarou 93,5 pontos, crescimento mensal de 1% e anual de 11%. Entre as famílias com ganhos inferiores a dez salários mínimos, o número chegou a 74,7 pontos, aumento mental de 2,1% e anual de 4,4%.
Em relação às regiões, todas apresentaram crescimento, com destaque para a região Sudeste, com alta de 2,1%. Na variação anual, Centro-Oeste e Norte foram as únicas regiões a verificar oscilação negativa, com quedas de 4,1% e 8,2%, respectivamente, enquanto Nordeste, Sudeste e Sul, registraram acréscimos de 3,3%, 10,4% e 12,9%, nessa ordem.

(*) Crédito da foto: stevepb/Pixabay

(**) Crédito do gráfico: Divulgação/CNC