O ano não começou bem para os empresários do comércio. De acordo com dados da CNC (Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo), o Icec (Índice de Confiança do Empresário do Comércio) teve queda de 2,2% em janeiro, caindo a 105,8 pontos. Os resultados apontam o segundo recuo mensal consecutivo, entretanto, o indicador segue no patamar de otimismo, acima dos 100 pontos. Vale lembrar que em meses como agosto de 2020, os números chegaram a 78,2 pontos.

No comparativo anual, a variação negativa foi de 16,4%. Segundo José Roberto Tadros, presidente da CNC, o primeiro mês do ano é, tradicionalmente, mais lento para o consumo. “Passado o período natalino e diminuído o efeito do aumento da renda com o 13º salário, as famílias estão mais dispostas a realizar gastos nos serviços de lazer, por força das férias escolares”, afirma.

Dois dos principais índices do Icec registraram retrações e tiveram papel determinante no resultado negativo do indicador principal. O referente à satisfação dos comerciantes com as condições atuais (-5,8%) caiu para 80,5 pontos, e o indicador que avalia as expectativas no curto prazo – o único acima dos 100 pontos – recuou pela segunda vez consecutiva (-2,3%), alcançando 142,1 pontos. Para Antonio Everton, economista da CNC responsável pela pesquisa, o aumento do dólar, o endividamento das empresas, o reajuste dos aluguéis e a cautela do consumidor para efetuar compras podem ter influenciado o resultado negativo. “A predominância das percepções adversas também pode ter relação com a necessidade de se fazer investimentos em tecnologia e logística para avançar no e-commerce”, aponta Everton.

CNC: intenções de investimento

O índice que mede as intenções de investimento foi o único que registrou resultado positivo (+1%), chegando a 94,9 pontos e voltando a crescer após ligeiro recuo em dezembro. A intenção de contratação de pessoal foi um dos destaques, subindo 2,1% e fechando o mês com 121 pontos. “O planejamento dos empresários pode incluir aumento do número de pessoal para os próximos meses se a recuperação do emprego, consumo e da geração de renda permanecer em um ritmo satisfatório”, indica o economista da CNC, ressaltando que a intenção de elevar o quadro de funcionários tem registrado variações positivas nos meses de janeiro, nos últimos quatro anos.

(*) Crédito da foto: stevepb/Pixabay