Ao final de abril, o governo federal oficializou uma nova etapa do BEm ( Benefício Emergencial de Manutenção do Emprego e da Renda), com previsão orçamentária de R$ 11,67 bilhões e duração de 120 dias. De acordo com cálculos realizados pela CNC (Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo), o programa deverá preservar, até agosto deste ano, 73,3 mil postos formais de trabalho no comércio.

Com a suspensão temporária de contratos de trabalho e redução proporcional de jornada e salários, até o momento mais de 1,5 milhão de trabalhadores já fecharam acordos com empregadores, segundo dados do Ministério da Economia.

Para o presidente da CNC, José Roberto Tadros, no ano passado o programa foi uma das medidas mais eficientes adotadas para amortecer os impactos da crise sanitária no mercado de trabalho formal. “No comércio varejista, uma das atividades econômicas mais diretamente impactadas pela crise sanitária, as expectativas quanto aos impactos decorrentes das crescentes restrições à circulação de consumidores no Brasil sugeriam cenários altamente negativos à manutenção do emprego diante das restrições impostas às operações no setor a partir da edição de diversos decretos regionais por todo o país”, afirma.

Assim, como em 2020, o impacto do BEm nos segmentos do varejo tende a ser heterogêneo neste ano, na medida em que o tamanho do segmento e a velocidade de reação das vendas à pandemia do novo coronavírus afetam a quantidade de vagas poupadas. “No comércio, em termos absolutos, tende a ser mais beneficiado o segmento de hiper e supermercados (15,02 mil vagas poupadas), seguido pelos ramos de materiais de construção (12,04 mil), vestuário, calçados e acessórios (11,86 mil) e lojas de utilidades domésticas e eletroeletrônicos (10,34 mil)”, destaca Fabio Bentes, economista da CNC responsável pelo estudo.

CNC: empregos poupados em 2020

Segundo estimativas da CNC, para cada R$ 1 bilhão gasto por meio do programa, 6.285 desligamentos decorrentes da pandemia deixaram de ocorrer no varejo. Ou seja, não fosse a implementação do BEm, entre abril e dezembro de 2020, o varejo teria computado 1.369.366 demissões sem justa causa em vez de 1.158.817 baixas computadas – uma diferença de 210.549 postos formais.

“No ano passado, o programa consumiu R$ 33,5 bilhões dos cofres públicos, ficando atrás apenas do auxílio emergencial (R$ 293,11 bilhões) como instrumento direto de recomposição da renda da população”, conclui Bentes

(*) Crédito da foto: Unsplash