Respondendo as principais dúvidas levantadas pelo mercado, a Choice Hotels International finalmente detalhou melhor seus planos para a aquisição do Radisson Hotel Group Americas por US$ 675 milhões. De acordo com a gigante de franquias hoteleiras, a transação, que incorpora mais de 80 mil quartos, tem como objetivo ampliar a gama de marcas de maior receita e margem, segundo divulgado pelo o Skift.

“Isso nos dará mais presença na Costa Oeste e no Centro-Oeste superior”, afirma Patrick Pacious, presidente e CEO da Choice, cujas marcas têm sua rede mais profunda no Sudeste dos EUA. “Teremos mais unidades e mais oportunidades de crescimento no Canadá, no Caribe e no restante da América Latina.”

Justificando o acordo com a Radisson, os executivos da Choice estão otimistas que a inclusão das marcas irá impulsionar a inscrição de proprietários de hotéis de luxo nas bandeiras Cambria e Ascend Hotel Collection. Com a adição de 10 milhões de membros do programa de fidelidade da Radisson aos 53 milhões da Choice, os executivos creem que será um bom acelerador para as duas marcas.

Os executivos destacaram que o Cambria é um hotel de serviço limitado, enquanto o Radisson é de serviço completo, ou seja, com maior espaço para reuniões e opções de A&B (Alimentos & Bebidas). Por este motivo, o acordo, que inclui 30 hotéis Radisson e nove Radisson Individuals atenderia grupos de clientes diferentes.

O mercado, no entanto, continua a questionar a situação de algumas bandeiras, visto que há muita sobreposição de público das 453 unidades do Country Inn, incluídas no acordo, com a maioria das marcas da Choice Hotels. “Se você é proprietário de um Country Inn & Suites, este acordo provavelmente significa mais ocupação e melhores taxas”, pontua Sid Narang, diretor-gerente da Crescent Capital Ventures. “Mas se você possui um Radisson Blu ou Radisson Red, o Choice vai gerar taxas mais altas?”, questiona.

Mesmo nome, diferentes donos

Na ocasião, também responderam a questão do acordo incluir apenas o Radisson Hotel Group Americas, que inclui as Américas do Norte, Central e do Sul, enquanto o Radisson Hotel Group, com sede em Bruxelas, na Bélgica, opera no resto do mundo. Segundo as empresas, eles criaram o que chamam de “um conselho de marca” para negociar práticas que garantam consistência nas amenidades, preços e propostas de marketing global.

Vale dizer que o acordo ocorre enquanto os negócios da Choice Hotels seguem na crista da onda. A empresa encerrou o segundo trimestre com uma receita de US$ 368 milhões, impulsionada por tarifas médias de US$ 95 por noite, relativamente altas para seu padrão histórico, apesar de taxas médias de ocupação de 61%. Já o Revpar da rede nos EUA foi de US$ 59.

De acordo com os executivos, o programa de fidelidade e os esforços de marketing persuadiram muitos viajantes a reservar diretamente, ao invés de optarem por OTAs.

Dinheiro em caixa e novos mercados

Ao final de junho, a empresa divulgou que seu caixa total e crédito rotativo da empresa eram de US$ 1,2 bilhão. “O bom do nosso balanço é que ele nos dá a flexibilidade, se quisermos ir além de onde está o núcleo do Radisson, se quisermos fazer um upscale superior, podemos usar nosso balanço de uma maneira que nos ajude a crescer as marcas ”, explica o CEO.

Embora tenham sido apontamentos vagos sobre como usariam esse capital, os executivos mencionaram que poderiam impulsionar marcas, com ofertas mais atraentes para proprietários e investidores, além de poderem financiar lançamentos de bandeiras em categorias adjacentes. A dúvida que ficou é se a Choice usaria esse aporte para fazer outra aquisição significativa no futuro próximo.

“A Choice ainda terá algum espaço em branco, como estadia prolongada de luxo, onde eles não têm presença”, escreveram Robin Farley e sua equipe do UBS Research em um relatório de pesquisa recente. “O internacional continua a ser uma área inexplorada de oportunidade para a empresa também.”

Cobrando 5% da receita dos quartos de royalties das franquias, a Choice aumenta sua lucratividade tanto crescendo sua receita de primeira linha como ao adicionar hotéis à rede. Ao adquirir propriedades adequadas para marcas de médio e alto padrão e em mercados com viajantes de alta renda, a empresa poderia gerar saltos enormes nos royalties.

Seus concorrentes no mercado de estadias prolongadas nos EUA, a Blackstone Real Estate Partners e a Starwood Capital, fizeram grandes aquisições no segmento recentemente. Entre elas está a aquisição de 111 hotéis do WoodSpring Suites da Choice Hotels, que devem ser incorporados a Extended Stay Americas, que também foi comprada recentemente, por US$ 6 bilhões.

Ainda que a Choice receba cinco anos de royalties futuros como pagamento pela rescisão de contrato, a rede perde propriedades em regiões bastante desejadas. Mesmo assim, os executivos mostram firmeza ao oferecer aos investidores e desenvolvedores novos protótipos de construção – inclusive para sua mais nova marca de estadia prolongada, Everhome Suites.

Novas construções geralmente podem exigir taxas mais altas, observaram os executivos. Para seus segmentos principais de estadia prolongada e upscale, no último ano e meio, o sistema da Choice está produzindo o dobro da receita para cada unidade trazida em comparação com cada unidade que deixa o sistema por meio de vendas e desmarcação.

(*) Crédito da foto: reprodução/Skift