Ontem (13), o Skift anunciou a aquisição do Radisson Hotel Group Americas pela Choice Hotels em uma transação que deve totalizar US$ 675 milhões. Entretanto, o apetite da rede pela compra da filial americana do grupo sediado em Bruxelas não ficou claro para o mercado, deixando algumas perguntas em aberto.

A Choice Hotels afirmou que ficará responsável pela administração de cerca de 600 hotéis Radisson nas Américas, prezando pelo crescimento das marcas. Contudo, a rede norte-americana também alega que consultará o Radisson Hotel Group sobre suas movimentações.

“Será fascinante ver como esses jogadores estarão cooperando nas Américas, mas competindo entre si em todos os outros lugares”, declara Baron Ah Moo, diretor administrativo do PKF Hospitality Group nos EUA.

Olhando para o futuro: se o Radisson, com sede em Bruxelas, for adquirido algum dia, seus novos proprietários podem causar complicações para a Choice.

Flutuação de marca

Por enquanto, o negócio traz nove novas marcas para a Choice. Alguns analistas questionam se a compradora, de fato, manterá todos eles. Mas não há nenhuma conversa oficial de abate de bandeiras.

“A aquisição de algumas das marcas mais reconhecidas do setor amplia o alcance dos clientes da Choice Hotels nos segmentos de luxo e aumenta nossa presença nos principais segmentos de médio porte”, disse um porta-voz da Choice em resposta a uma consulta do Skift.

No entanto, algumas marcas parecem estar em uma posição mais firme do que outras, de acordo com especialistas.
“Se você é proprietário de um Country Inn & Suites, este acordo provavelmente significa mais ocupação e melhores taxas”, comenta Sid Narang, diretor-gerente da Crescent Capital Ventures. “Mas se você possui um Radisson Blu ou Radisson Red, o Choice vai gerar taxas mais altas?”

O acordo inclui 453 propriedades do Country Inn, e há muita sobreposição entre o público da bandeira e o público da maioria das marcas da Choice Hotels. O plano declarado da compradora de ir mais além é onde as coisas podem ficar mais difíceis.

O plano de negócios da Choice é que ele pode fazer um trabalho melhor ao direcionar a receita operacional líquida das mesmas propriedades. Seu sistema inclui um programa de fidelidade gigante que impulsiona reservas diretas, domínio nos mercados de viagens corporativas e de grupos, conhecimento tecnológico para tarefas como gerenciamento de receita (definição de taxas) e a capacidade de negociar descontos por volume e pechinchar comissões mais baixas em OTAs.

No entanto, um tema repetido nas declarações da Choice sobre o acordo é o desejo de se tornar “de luxo”. Expandir além do serviço limitado para outros conceitos pode ser mais difícil do que parece, disseram alguns especialistas. Apoiar uma marca lifestyle como Radisson Individuals ou Radisson Red, pode exigir mecanismos diferentes de marketing e serviço para competir com players como Moxy, Signia ou Kimpton.

Crescimento e dívida

Expansão é o tema geral do acordo, adicionando 8 mil hotéis no pipeline da Radisson à Choice. “Estou ansioso pelos próximos meses enquanto trabalhamos na integração e alcançamos nossa estratégia de longo prazo de crescimento de ativos leves em segmentos e locais de viagens de maior receita”, disse John Rau, analista sênior de Desenvolvimento Corporativo da Choice via LinkedIn.

A Choice tem capital para financiar o negócio graças a US$ 527 milhões em caixa, além de empréstimos rotativos.
O negócio recebeu um aceno positivo da S&P Global e a agência de classificação reconheceu que o acordo elevaria a proporção da dívida líquida ajustada da Choice para quase três vezes seu lucro antes de juros, impostos e depreciação. Esse nível de dívida não levará a um rebaixamento de crédito, afirmou a empresa.

Uma bandeira com  futuro possivelmente incerto é o Radisson Inn & Suites . Há dois meses, a marca foi lançada como seu primeiro conceito de serviços mais enxutos em mercados urbanos, sendo uma contraparte do Country Inn & Suites by Radisson

Consolidação

A venda para a Choice deve aumentar as chances do Country Inn e de pelo menos algumas das outras oito marcas.
“Radisson na América do Norte não teve a chance de deixar uma marca, em parte por causa de uma porta giratória nos níveis de liderança e desenvolvimento de negócios”, salienta Narang.

Se a Choice for bem-sucedida, o acordo pode ajudar a dar mais impulso ao movimento de franquia. Já cerca de 70% dos quartos de hotel nos EUA são de marca, e cerca de metade no Reino Unido também, mas o resto do mundo está cheio de independentes.

“A aquisição da Radisson pela Choice é parte da avalanche de consolidação que testemunharemos na era pós-Covid”,disse Max Starkov , consultor do setor.

Starkov prevê mais fusões por causa de pressões tecnológicas. Algumas marcas se destacam por ter melhores  tecnologias hoteleiras, o que significa que seu software e hardware geram eficiência por meio da redução de custos de mão de obra, ganhos de receita por meio do melhor marketing digital da categoria e custos de distribuição reduzidos por meio de programas de fidelidade mais sofisticados.

(*) Crédito da foto: Divulgação/Radisson Hotel Group