Presente na hotelaria norte-americana desde os anos 80 e com muitos exemplos no Caribe, o modelo childfree, que não aceita crianças nos estabelecimentos, vem ganhando adeptos no Brasil. Pousadas e hotéis optam por restringir a faixa etária dos hóspedes, trabalhando com um público nichado mesmo durante a pandemia.

É o caso da Pousada Casa de Maria, localizada em Prado (BA). A ideia de montar um ambiente sem crianças já surgiu com o negócio. “Primeiramente entendemos a nossa estrutura e o que realmente a maioria de nossos clientes estavam procurando, a tranquilidade, o sossego e o aconchego”, explica Maria Venturelli, proprietária do empreendimento.

História semelhante ao do Ponta dos Ganchos Exclusive Resort, situado a 60 quilômetros do aeroporto internacional de Florianópolis. “O encantamento pelo terreno na época fez prevalecer essa escolha, já que o mesmo carrega uma topografia não adequada para o recebimento e circulação de crianças”, justifica Fernanda Makhoul Giamundo, diretora de Vendas e Marketing.

Com público definido, o hotel pode ainda voltar-se para um trabalho segmentado, desenvolvendo algo mais exclusivo para adultos. “Os proprietários trabalharam para apresentar aos hóspedes o melhor serviço, gastronomia e exclusividade que fazem do Ponta dos Ganchos até hoje um hotel não somente reconhecido pelos casais brasileiros, mas também pelo público internacional”, adiciona a diretora.

           Casa de Maria foi pensada como uma hospedagem sem crianças desde seu nascimento

Childfree: as vantagens do modelo

Partindo desse contexto, Fernanda acredita que a partir do modelo childfree, o empreendimento cria um produto exclusivo para um público que busca experiências originais e românticas ao mesmo tempo. “Dessa forma, recebemos casais que buscam dias de tranquilidade fora de casa, em lua-de-mel que optam não ir para o exterior, comemorações de bodas ou simplesmente para um final de semana de descanso. Dentro da hotelaria de alto padrão brasileira, a qual se insere o Ponta dos Ganchos, são raras as opções que aceitam apenas adultos – fato que nos fez tornar referência no segmento”, comenta.

Reforçando a ideia da diretora do resort, Maria acredita na escolha como uma oportunidade de atender a um nicho de mercado carente. “São pessoas que estão à procura de um momento de total relaxamento e tranquilidade”, diz. Outra diferença que a proprietária da pousada destaca é o foco em uma comunicação mais direta. “Assim, conseguimos fazer um atendimento mais exclusivo a quem nos escolhe como hospedagem em Prado”, pontua.

Fernanda: empreendimento cria um produto exclusivo para um público que busca experiências

Restrição de público e pandemia

Em um momento em que a hotelaria ainda tenta recuperar os números de ocupação, restringir o público pode parecer ainda mais desafiador. Ambos os estabelecimentos garantem que a fidelidade dos hóspedes e a procura por ambientes mais tranquilos se mantiveram apesar da crise.

“Nossa ocupação sempre teve uma média positiva, mas tivemos uma surpresa ainda melhor durante a pandemia”, explica Fernanda. “Estamos correndo com alta ocupação desde a reabertura do hotel, após quatro meses de operações paralisadas. Sugerimos, inclusive, para aqueles que querem dar uma escapada de alguns dias para reservar com antecedência”, argumenta.

O mesmo acontece no empreendimento baiano, que consolidou retomada com bons números. “Desde que foi retomado o turismo em Prado, estamos trabalhando seguindo todos os protocolos. Nossa média de ocupação é de 85% e possuímos 24 apartamentos. A procura vem crescendo. O movimento childfree é cada vez maior e o mais importante é a compreensão dos clientes que possuem interesse, sobre a proposta da pousada e o que oferecemos”, salienta a proprietária.

(*) Crédito da capa: Pixabay

(**) Crédito das fotos: Divulgação