Embora a hotelaria venha sofrendo pancadas por conta de escassez de mão de obra, a recessão e os recorrentes surtos de Covid-19, os homens no topo das gigantes hoteleiras continuam otimistas, segundo o Skift. Na 44ª Conferência Anual de Investimentos da Indústria de Hospitalidade Internacional da NYU, os CEOs da IHG, Accor, Marriott, Hyatt e Hilton compartilharam o cenário de suas redes e as perspectivas para o setor.

O motivo para tal otimismo? A demanda. Todos os CEOs alegaram nunca terem visto uma demanda tão alta como agora. Além disso, há também a previsão da STR e Tourism Economics de que o RevPar deve ultrapassar os valores de 2019 até o final deste ano.

“Existe um desejo humano de se reunir e se reconectar e se reunir – seja por motivos comerciais ou pessoais. Há esse incrível quociente humano e emocional para isso. E é isso que está impulsionando os números. Não é apenas uma viagem de lazer. As corporações estão desesperadas para reunir seu pessoal novamente”, comentou Mark S. Hoplamazian, presidente e CEO da Hyatt Hotels.

A velocidade com que a indústria se recuperou é sem precedentes. “Depois do 11 de setembro e da Grande Recessão, levamos entre quatro e cinco anos para nos recuperar, mas não agora”, disse Anthony Capuano, CEO da Marriott International. “A prestação de serviços é o maior desafio.”

Obstáculos

Ainda que as notícias sejam boas, a hotelaria segue enfrentando grandes obstáculos, como a falta de mão de obra especializada. “Nunca vi tanta demanda e preços tão altos, mas muitos de nossos hotéis não chegam a ocupação total”, disse Sébastien Bazin, presidente e CEO da Accor.

Nos empreendimentos da IHG Hotels & Resorts houve uma queda de 20% a 25% no número de funcionários, segundo Keith Barr. Esse número é de 10% na Accor, relatou Bazin. “Não temos o pessoal. Não temos mão de obra. Temos que deixar dois andares vazios, pois não podemos servir o nosso público. Esta é uma tragédia que nós cinco temos que responder muito rapidamente e juntos”, continua Bazin.

Para o presidente e CEO da Hilton, Christopher Nassetta, esses números devem se corrigir, e a contratação de pessoal deve ser um problema menor até outubro. Uma maneira de impulsionar a correção é tornar os turnos mais flexíveis.

A secretária de Comércio dos EUA, Gina Raimondo, divulgou a meta de atrair 90 milhões de visitantes internacionais até 2027, que gastarão cerca de US$ 279 bilhões anualmente, um número maior do que antes da pandemia.

Para os demais painelistas, isso só será possível com a eliminação dos testes de Covid-19 antes das decolagens. “É a coisa mais absurda”, criticou Barr. “Temos que eliminar o atrito das viagens e esse teste está no topo da lista”.

Recessão

Após uma breve discussão sobre diversidade em cargos executivos, visto que não havia nenhuma no painel, os CEOs compartilharam suas iniciativas em relação ao tema e também sobre a recessão.

“Todos nós temos que ter certeza de que estamos preparados como a Reserva Federal aqui nos EUA, e muitos lugares ao redor do mundo precisam conter a inflação, e a maneira como eles fazem isso é desacelerando as economias”, disse Nasseta. “Mas diante do crescimento econômico potencialmente reduzido, ainda há uma demanda enorme, especialmente no que se refere a negócios, reuniões e eventos.”

“É muito mais amplo do que vender diárias”, afirmou Bazin. “É cada vez mais um serviço de concierge. Queremos que nossos hóspedes voltem mais ricos em termos de experiência e, para ajudá-los a descobrir algo que não podem descobrir por conta própria”, finaliza.

(*) Crédito da foto: reprodução/Skift