Os princípios ou o bolso? Esse dilema está infernizando a bancada evangélica no Congresso. Ontem (16) a Câmara aprovou, por 293 votos a 138, a urgência no projeto que legaliza os cassinos e outros jogos de azar no Brasil. Com isso, o texto não terá de passar por comissões, indo direto ao Plenário. O assunto é anátema para a bancada religiosa, mas o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), pôs na mesa uma carta poderosa. Ele quer amarrar a liberação da jogatina à aprovação da PEC que isenta templos de pagar IPTU em imóveis alugados. Hoje eles já não pagam em imóveis próprios. (UOL).

Há três meses, Lira articulou um grupo de trabalho com o objetivo de debater o projeto de legalização dos jogos – uma de suas promessas na campanha para assumir a presidência da casa – e diminuir a resistência dos parlamentares. Com isso, o projeto deverá ser votado na primeira semana de fevereiro de 2022.

“Eu fui eleito com um compromisso único de ouvir e pautar interesses diversos da Casa. Essa questão da legalização dos jogos no Brasil tem de ser feita às claras, com muito debate, com todas as convergências e divergências”, pontua Lira.

Bancada evangélica nega acordo

A bancada evangélica ressaltou seu posicionamento contra os jogos de azar e afirmou que está concentrando todos os seus esforços para que o projeto seja derrotado – de acordo com nota assinada por Cezinha de Madureira (PSD-SP), presidente da bancada – ressaltando que um dos motivos de ser contra o projeto é de que a legalização facilitará a lavagem de dinheiro.

Por outro lado, os defensores da medida destacam que ela pode auxiliar na arrecadação de impostos e, além disso, permitir à iniciativa privada entrar em um mercado do qual o governo faz parte, com as loterias.

O deputado Sóstenes Cavalcante (DEM-RJ), futuro presidente da bancada evangélica, também negou qualquer negociação neste sentido. “Não fiz nenhum acordo e não houve nenhuma reunião da bancada nesta semana sobre esse assunto”, finaliza.

(*) Crédito da foto: whekevi/Pixabay