Com o avanço da vacinação contra a Covid-19 no Brasil, mais turistas têm se sentido seguros para voltar a viajar, especialmente nas festas de fim de ano. Por outro lado, a alta do dólar proporcionou aumento nos custos das companhias aéreas, impactando diretamente no valor das passagens, que cresceu 56,81% no acumulado de 12 meses encerrados em setembro, apontam dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

O indicador é maior que o índice geral da inflação acumulada no período, que ficou em 10,25% – o mais alto desde fevereiro de 2016, é bom ressaltar. Um dos fatores que justificam a alta das passagens é o valor do combustível para aviação, que está no seu maior nível dos últimos seis anos. Além disso, as companhias buscam aproveitar as festividades de fim de ano para aumentar suas margens de lucro e, por este motivo, têm controlado a oferta.

O aumento do preço das passagens vai de encontro à retomada gradual das atividades turísticas no Brasil. Levantamento recente da Booking.com apontou que, com a flexibilização, 69% dos brasileiros já estão fazendo planos para viajar.

De acordo com a Anac (Agência Nacional de Aviação Civil), só no segundo trimestre deste ano houve alta de 21,7% na tarifa aérea doméstica na comparação anual. Ainda segundo a agência, a Latam foi a empresa que registrou maior aumento na tarifa, com elevação de 21,3%.

“É a lei da oferta e da procura: quanto mais próximo do fim do ano, as companhias retêm a oferta, porque querem viajar com voos lotados, enquanto aumenta a procura pelas passagens”, afirmou Alan Gandelman, presidente da corretora Planner, em entrevista à Folha de São Paulo.

Gandelman também ressaltou que existe uma grande expectativa em relação à retomada dos voos internacionais, principalmente para os EUA, que irão voltar a receber turistas brasileiros totalmente imunizados a partir de 8 de novembro. Ele acredita ainda que, após o período de férias, haja uma redução no valor das passagens.

“Haverá uma queda no consumo das viagens corporativas, enquanto as viagens de lazer serão cada vez mais planejadas”, completou Gandelman, que também acredita em um aumento da demanda do turismo doméstico, devido à alta do dólar.

Brasil: impactos na hotelaria

Fábio Falkeburger, sócio da área de Infraestrutura do Machado Meyer Advogados, apontou uma mudança significativa no perfil dos viajantes aéreos brasileiros. “As pessoas querem voltar a viajar, mas o perfil do viajante aéreo brasileiro está mudando: cada vez mais lazer e menos negócios”, pontuou.

Levantamento realizado pela Latam apontou que o brasileiro viaja pouco de avião, se comparado a outros povos, com média 0,5 viagem aérea por ano. Chilenos e norte-americanos, por sua vez, fazem isso 2,5 vezes ao ano. Os dados foram divulgados na última semana por Jerome Cadier, presidente da Latam Brasil, que acredita que o turismo planejado deve influenciar na queda dos preços das passagens em 2022.

É importante ressaltar que ainda é difícil mensurar se o aumento dos preços das passagens terá impacto direto na hotelaria brasileira, visto que empreendimentos de diversos estados têm registrado aumento da demanda por hospedagem. Em Salvador, por exemplo, o setor atingiu em setembro seu quinto mês consecutivo de alta nos indicadores.

(*) Crédito da foto: blende 12/Pixabay