A maneira de consumir hotelaria e experiências há alguns anos vem passando por transformações. Agora, definitivamente, o que não havia mudado foi catalisado pelos novos hábitos dos hóspedes pós-pandemia. Valorizando ainda mais a saúde e o bem-estar, clientes de empreendimentos upscale ditam tendências e geram bons resultados para àqueles que entenderam o recado, como é o caso do Botanique Hotel & Spa.

Aberto em 2012, o empreendimento localizado em Campos do Jordão (SP), destino queridinho de paulistas endinheirados, o hotel abusa de sua localização privilegiada em meio à natureza para atrair hóspedes que buscam um respiro em plena pandemia. Com proposta de luxo low profile, o Botanique passou praticamente ileso aos prejuízos causados pela crise, com ocupações que já chegam a 80%.

Fechado por apenas dois meses, o hotel boutique reabriu em junho com 20% das 18 suítes e villas ocupadas. O indicador subiu para 40% após três semanas em curva ascendente, passando para 60%. Com novos decretos municipais, o empreendimento agora opera com 80% de ocupação e filas de espera até o final de setembro. “Antes da pandemia, já estávamos com ocupação alta crescente, justificado pela tendência do pós-luxo, que valoriza ar puro, água mineral e imersões na natureza”, comenta a proprietária, Fernanda Ralston Semler.

A empreendedora dá os créditos aos protocolos de higiene rigorosamente implementados e afirma que as demandas são, em sua maioria, de pessoas em busca de locais tranquilos para trabalhar, além de pequenos encontros e eventos. “Temos villas com jardins privativos, onde o hóspede consegue trabalhar dentro de um cenário mais agradável. Foi realmente um fenômeno. Recebo muita gente de São Paulo e Rio, mas senti também aumento de mineiros e goianos, mercados que não costumo trabalhar divulgação”, complementa.

Fernanda afirma que não modificou a estratégia de divulgação do hotel

Botanique: perfil do público

Fernanda explica que o público é majoritariamente jovem, entre 25 a 35 anos, além de famílias que ocupam entre quatro e cinco quartos. “Pelo valor da tarifa, pensei que o perfil seria de clientes mais velhos, mas essa geração valoriza o que o hotel propõe, que é consumo consciente e experiências. Nessa fase, muitos casais estão casando, e por isso, mini weddings também são uma receita importante”.

Se antes da pandemia, a proprietária fechava o Botanique para 120 pessoas celebrarem a união de um casal, atualmente ela redesenhou o produto para micro weddings, onde os noivos possam comemorar apenas com os mais íntimos. “Aqui, comportamos até 47 pessoas hospedadas. No caso desses casamentos, o restante dos convidados ficava em outro lugar”.

Com um espaço de 80 mil metros quadrados de área verde, a estrutura dispõe de varandas e pergolados, muito requisitados para reuniões de negócios. “Está havendo muita procura para outubro e novembro. São encontros de diretorias e conselhos de empresas para receber entre 10 e 15 pessoas. Essa é uma demanda que sempre tivemos, mas agora também estamos com filas de espera”. A proprietária ainda destaca que o tempo de permanência mudou. Se antes as estadas variavam entre dois e três dias, agora as reservas oscilam de cinco a sete room nights.

Trabalho de divulgação e tarifário

Com resultados tão otimistas, o Botanique se destaca do restante do mercado. Entretanto, Fernanda garante que não alterou sua estratégia de marketing nos últimos meses. “Não mudei nada na divulgação. Segui com as postagens no Instagram durante a paralisação, sempre com viés motivacional e imagens de áreas abertas, além de mostrar nossas ações sociais de doação de alimentos e protocolos”.

Ela ainda afirma que nunca tentou se posicionar frente a outros empreendimentos de luxo da região. “Minha proposta é diferente. Somos menores, logo não tem sentido concorrer com hotéis de grife e também não trabalhamos com mídia paga. Segundo levantamento que fizemos, 83% da nossa venda é no boca a boca. A distribuição em OTAs representa uma parcela muito pequena. Tivemos um retorno forte de habitués que trazem a família e indicam para outras pessoas”.

Em abril, Fernanda reduziu as tarifas em 30% em prol da ação de repasse de alimentos às comunidades locais. Com boas ocupações e fluxo de caixa seguro, mesmo durante a paralisação o Botanique manteve todo seu quadro de funcionários com meia jornada. Ela afirma que para a reabertura, o tarifário programado para 2020 foi mantido. “Tinha um aumento de 10% programado e resolvi bancar. Quando percebi que a procura estava grande, subi para o valor de alta temporada, que normalmente começa em 15 de maio e não senti nenhuma mudança. Repassei os custos de adequação para as tarifas e deu resultado”.

(*) Crédito das fotos: Divulgação/Botanique Hotel & Spa