Conhecida como a “a Meca do kitesurfe”, a Praia do Preá (CE) assiste à volta do turismo em paralelo ao restabelecimento da malha aérea no Aeroporto Regional de Jericoacoara (CE). Esportistas de várias partes do país e do mundo invadem a região em busca de lazer e, claro, bons ventos. É neste contexto, e da mesma forma como a Vila Kalango, a outra pousada do grupo, que o Rancho do Peixe vive a retomada.

“A partir do último semestre de 2020, a região tem recebido muitos turistas, principalmente após a reabertura do Parque Nacional de Jericoacoara e a retomada dos voos regulares para Jeri”, destaca Silmara Ambrósio, CEO das pousadas Vila Kalango e Rancho do Peixe. “As condições favoráveis de sol e o vento constante, assim como a temperatura da água, impulsionaram a procura de muitos velejadores pela Praia do Preá”, contextualiza.

Ela conta que, além do windsurfe e do kitesurfe, esta temporada tem sido marcada pela presença de adeptos do kitefoil e wingfoil, esportes de vento criados recentemente. “Estamos focando nossos esforços especialmente no wingfoil, modalidade que já se tornou tendência mundial. E, novamente, estamos em vantagem, pois as praias de Jericoacoara e Preá são pioneiras e muito propícias na prática”, explica Silmara.

“Estamos bastante confiantes que, no segundo semestre de 2021, será uma procura ainda maior, já que os europeus estão chegando atrás desse novo esporte. Além disso, tratam-se de modalidades bastante seguras em relação aos protocolos de segurança, pois são praticados ao ar livre e individualmente”, acrescenta a profissional.

Rancho do Peixe: a retomada

Após fechar as portas durante praticamente cinco meses devido ao impacto do coronavírus e das determinações impostas pelos órgãos governamentais, o Rancho do Peixe retomou atividades em agosto do ano passado. Associada ao Circuito Elegante, a pousada usou o selo criado pela associação, assim como obteve a chancela de outros órgãos.

Segundo Silmara, por decisão interna, o empreendimento retomou atividades com 50% da capacidade visando testar os protocolos e para permitir que a equipe se ambientasse. Com o aumento da malha aérea e vendo a boa aceitação dos novos processos, o Rancho do Peixe foi elevando gradualmente a oferta de quartos para comercialização.

“Ainda assim, mantivemos um controle na quantidade de hóspedes. Como temos 26 quartos bem distribuídos em uma área de quase 70 mil metros quadrados, além de um distanciamento entre os bangalôs de 7 a 15 metros, conseguimos respeitar todos os processos de segurança, principalmente quanto ao distanciamento mínimo, evitando aglomerações”, explica a executiva.

Dada a partida para a retomada, o empreendimento hoje trabalha com bons números de ocupação. “Estamos tendo uma ótima procura desde a reabertura. Alcançamos ocupação média de 75% no último quadrimestre, mas que poderiam ser até maiores com a demanda que tivemos. No entanto, ainda temos algumas restrições de ocupação impostas pelo governo estadual”, ressalta Silmara.

Rancho do Peixe - retomada pós-pandemia_interna

Pousada tem 26 quartos em frente ao mar, além de infraestrutura para esportes de vento

Perspectivas futuras

Analisando o último ano e as próximas metas, a Silmara não considera 2020 um ano perdido, graças à alta procura por Jericoacoara e pela região, principalmente pelo público nacional. “Temos conseguido recuperar gradualmente as perdas oriundas da pandemia. Nossas vendas foram boas no último semestre de 2020”, pontua.

Ela também atribui o bom movimento à alta demanda por destinos que estão em meio à natureza, ao ar livre. “E isso é o que oferecemos! Temos a nosso favor o ar livre, muito espaço, brisa constante, ventilação natural e ambientes abertos, além de um cuidadoso protocolo de proteção e higiene para receber nossos hóspedes com segurança”, comenta Silmara.

Mesmo não atingindo as metas definidas para 2020 devido ao coronavírus, a pousada atingiu o ponto de equilíbrio e superou as metas revistas em abril. “Conseguimos fechar com resultado positivo, o que para nós é muito significativo, pois temos um alto custo fixo de infraestrutura e equipe. E estamos com expectativa de 16% de crescimento em 2021 com relação a 2019”, revela.

Em relação ao público, tal qual na Vila Kalango, Silmara notou uma mudança. “De julho a janeiro, costumamos receber muitos estrangeiros, que chegam a ser 85% da ocupação em um mês como agosto”, destaca. “No entanto, com o fechamento das fronteiras aéreas, esse número reduziu e a demanda nacional aumentou, especialmente público regional, além de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais”, comenta.

Ela destaca que tal mudança acabou alterando também o tempo de estadia média dos hóspedes. “Isso porque o público internacional fica muito mais tempo que o nacional. Temos hóspedes habitués europeus que permanecem conosco 40 dias”, afirma. Em outubro, segundo Silmara, o empreendimento voltou a ter busca de hóspedes de fora do Brasil, mas ainda muito abaixo dos patamares pré-pandemia.

“Estamos na expectativa de que com a vacina esses números mudem. O segundo semestre do ano – quando os ventos ficam ainda mais constantes na região, coincide com o período de férias na Europa. Nesse período, esportes de vento são bastante procurados, especialmente kitesurfe na praia do Preá. As condições favoráveis, a temperatura da água, impulsionam a procura”, finaliza a CEO.

(*) Crédito da capa: Divulgação/Rancho do Peixe

(**) Crédito da foto: Beto Mellao/Racho do Peixe