A recuperação gradual dos eventos e reuniões presenciais está afetando diretamente as plataformas de tecnologia e contribuindo para a desaceleração da demanda online. Com a retomada, muitas empresas estão optando exclusivamente pelo presencial, segundo o Skift.

Nas últimas semanas, plataformas de reuniões online como Hopin e Bizzabo demitiram centenas de funcionários, após ter ganhos de milhões de dólares durante a pandemia. O Zoom, uma das ferramentas preferidas pelas empresas afetadas pela Covid-19, viu o preço de suas ações cair 40% nos últimos seis meses.

Parte dessa queda é creditada à retomada das viagens corporativas. Espera-se que os gastos com conferências tenham alta de quatro pontos percentuais em 2022 frente a 2019, de acordo com a Global Business Travel Association.

“Os eventos virtuais eram uma necessidade absoluta durante a pandemia, mas depois de mais de um ano de comunicação por meio de uma tela, vimos empresas reintroduzirem eventos presenciais como parte do seu mix no segmento”, diz Suzanne Neufang, CEO da entidade.

A quantidade de eventos virtuais hospedados pela agência de viagens corporativas CWT diminuiu 65% neste ano, em comparação com 2021. Além disso, a plataforma Splash também observou que o número médio de participantes ao vivo em eventos presenciais é de apenas 4% abaixo dos níveis de 2019.

“Algumas empresas de tecnologia de eventos certamente estão tendo dificuldade em lidar com o recuo de empresas cara a cara. Com isso, alguns dos mais importantes fornecedores de plataformas virtuais e híbridas estão reduzindo o número de funcionários a uma taxa alarmante de 30% a 40%”, pontua Ian Cummings, presidente da CWT.

Demanda reprimida

Cummings destaca ainda que este movimento se deve ao fato de a maioria das pessoas estar ansiosa para se encontrar pessoalmente. “A demanda reprimida tem sido real”, acrescenta o executivo.
“Muitas tendências da era da pandemia estão definitivamente voltando às normas do período anterior à crise sanitária”, acrescenta um porta voz da TripActions, reforçando a queda dos eventos virtuais.

Além disso, muitos organizadores de eventos têm optado por bloquear as plataformas virtuais com o objetivo de introduzir um elemento de exclusividade. O Institute of Travel Management, por exemplo, optou por não transmitir sua conferência anual em abril, apesar de o evento ter sido realizado virtualmente nos últimos dois anos.

“Em 2020 e 2021, direcionamos a conferência para uma plataforma de eventos virtuais, que foi muito bem-sucedida dadas as circunstâncias. Mas nossos membros mal podiam esperar para voltar à mesma sala pessoalmente”, reforça Scott Davies, CEO do Instituto, acrescentando que a queda de eventos virtuais seria ainda maior se não fosse pelo impacto atual de cancelamento de voos e escassez de funcionários nos setores de viagens e hospitalidade.

Não desconecte

Apesar de toda a demanda reprimida por reuniões presenciais, muitas empresas podem encontrar a necessidade de permanecer conectadas às plataformas virtuais de eventos, devido a fatores como a ameaça de novas variantes do coronavírus.

“Acredito que aprendemos muito com o uso forçado da tecnologia. As ferramentas para realização de eventos vieram para ficar e continuarão a fazer parte do mix estratégico para reuniões, engajamento e comunicações. Seria imprudente que as empresas se desconectassem da tecnologia disponível”, complementa Cummings.

As plataformas também estão repensando seus modelos de negócios. Não se trata apenas de conferências, visto que os maiores clientes corporativos oferecem mais oportunidades. Neufang ressalta que o papel do encontro virtual continuará sendo relevante enquanto houver pressão reduzir as emissões de carbono. “O setor de eventos virtuais tem seu lugar, mas não tenho 100% de certeza que ainda esteja definido”, finaliza Gavin Smith, diretor da Element Travel Technology.

(*) Crédito da foto: RonaldCandonga/Pixabay