intervalCapacitação, preparar para altos investimentos e atenção à operação são os principais passos para o sucesso

A Conferência Internacional de Investimento em Propriedade Compartilhada preparou um Fórum de Desenvolvedores. O evento, realizado pela Interval International, convidou alguns empresários de sucesso do mercado de propriedade fracionada no Brasil. No encontro, foram discutidas estratégias, desafios e como se reinventar para manter a competitividade. A conferência, aberta pela manhã, acontece no Pullman São Paulo Vila Olímpia

Sob mediação de Fernando Martinelli, diretor executivo da Interval International, Roberto Rotter, desenvolvedor da Plaza Hotéis & Resorts; Jimmy Nogueira, desenvolvedor do Five Senses Resort e Marcos Dantas Caldas, desenvolvedor do Grupo Hospedar, dividiram seus conhecimentos.  

Entrando no modelo de multipropriedade por tendência de mercado, Caldas afirma que o principal desafio foi formar profissional e manter a carteira de recebíveis. “No começo terceirizamos nossa carteira e chegamos a perder quase mil contratos e com mais 30% de inadimplência. Depois disso começamos do zero, realizamos treinamento de pessoal e agora conseguimos manter níveis toleráveis de inadimplência, em torno de 17%.”

“Ao meu ver, o principal desafio foi fazer nossa equipe interna entender e aceitar essa indústria”, afirmou Rotter. A rede Plaza tem mais de 50 anos no mercador hoteleiro tradicional. “Os clientes de multipropriedade são diferentes e têm necessidades distintas dos hóspedes tradicionais. Esse cliente vai ficar com você por 10, 15 anos, vai exigir mais, vai se sentir dono do seu negócio”, explicou. 

Outro ponto mencionado para se dar bem nesse negócio de multipropriedade, é dar mais atenção ao pós-venda, à operação. “É essencial fazer com que o cliente tenha uma boa experiência. Na nossa trajetória, os clientes que usaram suas semanas e tiveram um bom tempo conosco começaram a pagar o condomínio em dia sem problema nenhum. Porque ele se sente mais próximo e parte do produto, vê sentido em manter esse investimento”, afirmou o desenvolvedor do Grupo Hospedar. 

Interval: financeiro

Os três desenvolvedores alertaram para os participantes que entrar no mercado de multipropriedade e timeshare não é barato. “Não há nenhum empreendimento nesse modelo que não comece com exposição de caixa negativo”, disse Rotter. 

“Em um primeiro momento a empresa sustenta totalmente o empreendimento. A venda das frações não são o bastante para manter até a operação porque além da construção em si, no nosso caso que começamos do zero, temos que manter as salas de vendas e funcionários então, nos primeiros meses são mais gastos”, disse Nogueira, desenvolvedor do Five Senses Resort. Nogueira acrescentou porém, remetendo à palestra sobre a parte financeira de multipropriedades que acontecera mais cedo, que os riscos podem compensar. “Comercializar frações realmente dificultam a garantia mas a diferença entre o custo da obra e o VGV (Valor Geral de Vendas) e a taxa de retorno é bem maior do que em um investimento imobiliário tradicional”, finalizou.

(*) Crédito da foto: Juliana Stern/Hotelier News