De volta ao Nordeste, depois de uma viagem pelo Sul e Centro-Oeste, o Hotelier News segue investigando como está a retomada em casa estado brasileiro. Hoje (18), desembarcamos na Paraíba, que tem uma capital com localização privilegiada na costa e muito apelo para o turismo de lazer. Entretanto, a recuperação efetiva ainda é um quadro distante para a hotelaria paraibana.

No auge da pandemia, quase todos os empreendimentos locais paralisaram atividades. “Em João Pessoa, 90% dos meios de hospedagem fecharam as portas, de março a setembro, por falta de demanda”, contextualiza Rodrigo Pinto, presidente da ABIH-PB. “Após reabertura, estávamos na expectativa de uma retomada mais rápida, porém, na prática, o ritmo anda lenta por causa da mudança nas programações de final do ano e de janeiro”, completa.

Segundo o presidente, o número de cancelamentos para as festividades de encerramento do ano tem sido alto. “Apesar de todos os hotéis estarem seguindo os protocolos de segurança sanitária e estarem prontos para receberem hóspedes, estamos observando cancelamentos para o Réveillon devido às mudanças nas programações e cancelamentos das queimas de fogos nas praias”, diz.

Outro ponto que desacelera a retomada é o aumento de casos confirmados de coronavírus. “Não atingimos o ponto de equilíbrio e estamos com medo de outra restrição e fechamento por causa do aumento. Estávamos com muita expectativa para janeiro, mas como os casos subiram, há certo receio de sermos obrigados a fechar novamente”, divide Eric de Souza, chefe de recepção do Hotel Village Premium.

Atualmente o empreendimento opera com números de quarto restritos. “Por determinação dos órgãos públicos, operamos com 30% da capacidade”, revela Souza. A boa notícia é que os quartos disponíveis têm sido ocupados totalmente. “Estamos tendo muita procura mesmo, quase sempre atingindo o limite de ocupação permitido, inclusive durante a semana”, salienta.

Ainda falando em ocupação, os números vêm subindo desde a abertura. Segundo a ABIH-PB, em julho, o indicador estava em 19% do limite permitido e, hoje, chega a 46%. Com isso, a hotelaria local se volta para os planos para o próximo ano. “O ano de 2020 é perdido! Um hotel fechado por um período de quatro a seis meses não tem como recuperar dentro do próprio ano, principalmente com as atuais incertezas sobre os prazos de vacinação”, diz Pinto.

paraíba - retomada - rodrigo pinto

Pinto: estamos observando cancelamentos para o Réveillon devido às mudanças nas programações

Retomada Paraíba: planos

Acompanhando de perto o cenário, a associação elabora medidas para acelerar a volta do turismo local. “A ABIH-PB concluiu, agora em dezembro, o planejamento estratégico 2021-2023. No documento, criamos cinco programas para nosso plano de trabalho”, revela o presidente.

Medidas como repensar o planejamento de marketing e melhorar a conectividade aérea e terrestre do turismo paraibano fazem parte das novas estratégias. “O acesso via terrestre é majoritário atualmente, porém é essencial e vital que se restabeleçam, o mais rápido, os números de voos anteriores para viabilizarmos toda cadeia do turismo na Paraíba”, pontua Pinto. “Chegamos a ter 19 voos no passado, mas, em dezembro, só temos nove, e sem previsão de aumento para os próximos meses”, adiciona.

Quanto aos turistas que se hospedam atualmente no estado, João Pessoa recebe viajantes de locais próximos. “Estamos tendo muitos turistas das cidades vizinhas. Aqui em João Pessoa tem muita gente de Natal ou Campina Grande, por exemplo. São turistas mais próximos que ainda não tem coragem de fazer viagens mais longe”, acredita Souza.

O Village Premium, inclusive, recebe um público que capitais como São Paulo ainda sofrem para trazer de volta: o corporativo. “Esse público já retornou praticamente ao normal, os nossos clientes do setor voltaram a frequentar o hotel desde agosto”, pontua Souza.

Segundo Pinto, contudo, essa não é a realidade de toda a capital. “Historicamente, o público na capital era 60% lazer e 40% corporativo. Nessa retornada, estamos majoritariamente com público de lazer regional. Enquanto não retomarem o número de voos normal, estaremos tendo apenas uma pequena quantidade da demanda de lazer do Sudeste do país”, finaliza.

(*) Crédito da capa: Assuero Lima/Governo do estado da Paraíba

(**) Crédito da foto: Divulgação