ar condicionado - internaAparelhos devem passar por manutenção constante para evitar dispersão de microorganismos

É fato que as práticas de higienização são agora prioridade no setor hoteleiro. Redes e hotéis independentes correm para garantir a segurança, com novos protocolos de segurança que visam à saúde do corpo de colaboradores e à tranquilização dos hóspedes, que estão mais desconfiados. E, dentro de todas essas novas preocupações, aparelhos de ar-condicionado são praticamente um capítulo à parte.

Já em 2018, a manutenção dos equipamentos entrou no radar de todo o mercado em função da Lei 13.589/2018, chamada Lei do Ar-Condicionado. A nova legislação, por exemplo, passava a exigir a implementação de um PMOC (Plano de Manutenção, Operação e Controle), com parâmetros regulamentados pela Anvisa, além de normas da ABNT.   

O debate sobre a segurança e qualidade do ar em ambientes refrigerados, contudo, vem de muito antes da lei. Segundo Roberto Farias, consultor de hotelaria hospital e hospitalidade, a chamada Lei do Ar-Condicionado tem origem antiga. “Essa legislação é de 1998 e foi feita uma orientação técnica em 2003 e, depois, em 2018. Tenho certeza que tem alguma coisa nova saindo por aí”, avalia.

Agora, diante do cenário epidêmico, como fica a manutenção dos equipamentos? Para Farias, o ponto chave neste momento é a frequência da manutenção. Se antes os procedimentos podiam aguardar um mês, quiçá até mais, agora a história é outra. Isso porque a pandemia desencadeou a dispersão de um vírus que trafega pelo ar.

“A grande questão é mesmo a frequência. Agora, para afastar riscos de contaminação, o foco em limpeza ficou muito maior. É necessário um cuidado maior na operação dos hotéis. Antes, havia o plano de manutenção, que podia ser feito mensalmente ou a cada x dias. Hoje, precisamos de um tempo de manutenção de acordo com cada cliente”, explica Farias.

Sócia diretora da Tecno Therm, especializada em projetos e manutenção de ar condicionado, Renata Weber Altobello diz que o novo normal impõe novos parâmetros para a limpeza de sistemas de refrigeração. Mais criteriosa, o trabalho demanda a utilização de produtos anti-bactericidas e fungicidas.

“Em alguns ambientes, é necessário o aumento da taxa de renovação de ar, para aumentar a circulação de ar, diluindo assim o ar interior e não permitindo a concentração de poluentes e microorganismos”, explica Renata. “A filtragem tem por objetivo reter partículas e micro gotículas que podem carregar poluentes ou microorganismos como o coronavírus. Portanto, essas ações são fundamentais para a segurança dos usuários”, acrescenta.

ar condicionado - Igor CamarattaCamaratta: tais medidas foram fundamentais para a reabertura dos empreendimentos

Ar-condicionado: modelos e respectivas manutenções

Outra preocupação que ronda o tema é quanto aos modelos mais adequados, suas respectivas manutenções e impacto no custo. Segundo Farias, a recomendação é que a limpeza dos aparelhos de modelo split deve ser feita a cada saída dos hóspedes. “Esses equipamentos fazem a recirculação dentro do próprio apartamento. O interessante é que, além da limpeza dos filtros, faça-se também da serpentina a cada saída”, destaca.

Já no caso dos sistemas centrais, a manutenção deve ser mais criteriosa, uma vez que o ar é compartilhado entre diversos ambientes. “Os centrais acabam tendo sujeira nos dutos de ar, que também carecem de limpeza. É um processo mais complicado, porque é preciso aspirar aquela poeira toda, e isso acaba contaminando mais apartamentos”, ressalta Farias. “No mínimo, é necessário limpar a saída dos dutos. Aliás, no próprio duto pode colocar filtros, o que minimiza sujeira e, em consequência, reduz a possibilidade de eventuais contaminações.”

Além dos cuidados de manutenção, outro ponto que precisa de zelo é relativo ao relacionamento com os hóspedes. Como assegurar que estes se sentam seguros e tenham a garantia de bem-estar? No caso dos ar condicionados, a resposta está no PMOC (Plano de Manutenção Operação e Controle). Caso o hóspede levante questionamentos relacionados ao aparelho, a garantia está no certificado. Bem como na boa aparência do equipamento, que deve sempre refletir o aspecto da limpeza realizada com frequência.

No que se refere à garantia e tranquilidade dos hóspedes, outra saída é o desenvolvimento de cartilhas e a obtenção do selo Turismo Responsável. Igor Camaratta, diretor de Operações e Desenvolvimento da Bourbon Hotels & Resorts, tais medidas foram fundamentais para a reabertura dos empreendimentos.

“Na retomada, hóspedes vão precisar, seja por negócio ou lazer, usar hotéis. Comunicar a eles sobre a percepção dos novos protocolos é muito importante. Para isso, a criação da nossa cartilha do Manual de Boas Práticas para conscientizar os hóspedes das nossas ações de prevenções, assim como o Selo do Turismo Responsável, foram itens que fizemos que realmente podem fazer a diferença para passar tranquilidade ao hóspede”, avalia.

(*) Crédito da capa: ElasticComputerFarm/Pixabay

(**) Crédito da foto: Unsplash

(***) Crédito da foto: Divulgação/Bourbon Hotéis & Resorts