A estação mais aguardada pelos brasileiros chegou trazendo consigo suas tradicionais altas temperaturas. Independente de sua localização, um bom sistema de ar-condicionado é parte básica da infraestrutura de qualquer hotel. Entretanto, este é um verão atípico, o primeiro de pandemia e o uso do equipamento ainda gera dúvidas quanto ao seu impacto na disseminação do coronavírus.

Em abril, o Hotelier News publicou uma matéria sobre como adaptar o uso do aparelho ao novo normal sem correr o risco de novas contaminações e, ao mesmo tempo, manter o conforto dos hóspedes. Com a chegada do verão e o aumento da utilização do ar condicionado, é importante relembrar seus benefícios e malefícios.

Em contato com Leonardo Cozac, presidente da Abrava (Associação Brasileira de Refrigeração, Ar Condicionado, Ventilação e Aquecimento) para abordar o tema. Ao contrário do que se imaginava no início da pandemia, o equipamento tem o poder de atuar muito mais como aliado do que inimigo. “O ar condicionado sempre foi muito adquirido no Brasil devido às altas temperaturas e proporcionarem conforto térmico. Já era sabido antes que além disso, ele oferece uma boa qualidade do ar e isso ficou evidente com a pandemia”, destaca.

De acordo com a entidade, uma pessoa respira cerca de 10 mil litros de ar diariamente, o que reforça os motivos de recomendação da instalação e uso do aparelho. “Existe esse inimigo invisível que é transmitido pelo ar. Em um ambiente fechado, como diz a OMS, aumenta a chance de contaminação. Esse é o ponto. O ar concentrado é perigoso, então é necessário ventilação, seja natural ou não”, explica Cozac.

No caso da hotelaria, nem todos os empreendimentos foram projetados com ventilação natural e dependem quase que inteiramente do sistema de ar condicionado. Seguindo a linha de raciocínio, a Abrava afirma que o aparelho tem muito mais a contribuir ligado do que desligado, mas cuidados são necessários.

Ar-condicionado: cuidados básicos

Cozac, que participa de comitês e já deu consultorias para empreendimentos hoteleiros, afirma que alguns pontos precisam ser levados em consideração. Segundo o profissional, construções antigas podem encontrar maiores dificuldades de instalação e manutenção dos equipamentos, mas o mercado em linhas gerais, conhece e segue as medidas da Lei do Ar-Condicionado, em vigor desde 2018.

“Como todo equipamento, é necessário fazer uma boa manutenção, como um carro. Se bem cuidado, trará segurança e uma boa renovação do ar. Se o filtro está sujo, aquela sujeira ficará retida e contaminará o ambiente”.

Para isso, a troca do filtro, limpeza do aparelho, maquinário e dutos devem ser feitas mensalmente. Vale ressaltar que a instalação e manutenção devem ser realizadas dentro das recomendações.

O profissional ainda desmistifica a ideia de que o ar de um apartamento vai para o quarto vizinho, aumentando o risco de contaminação. “O correto são os quartos possuírem equipamentos individuais e dali, o ar vai para a rua e não para o corredor ou outros apartamentos. O hóspede está protegido dentro da sua célula”.

Cozac ainda lembra que atualmente existem tecnologias que ajudam a aumentar a qualidade do ar dos aparelhos. “Com a crise, novas soluções apareceram para ajudar a elevar a qualidade daquele ar, como o ozônio, lâmpadas UV, entre outras, que estão sendo amplamente adotadas pelos hotéis”.

(*) Crédito da foto: Bigstock