Fechando o primeiro dia de debates da Anufood Brazil, aberta ontem (12), foi apresentado o painel Desafios de Alumentos & Bebidas nos Resorts. O momento foi mediado por Jeferson Munhoz, sócio-diretor da HotelCare e da Escola para Resultados, e contou também com a participação de Dijalma Boasorte, gerente de A&B do Grande Hotel São Pedro; Bruno Pio, gerente de A&B da Royal Palm Hotels; e Flávio Monteiro, diretor de Operações da Aviva.

Boasorte iniciou o momento falando sobre o melhor modelo de pensão para os resorts. “No nosso caso, tivemos alguns testes onde trabalhávamos com pensão completa, que está no DNA do hotel. Nosso hóspede tem 100% de A&B durante toda a hospedagem”, afirma.

Anufood - Dijalma_Boasorte

Boasorte: empreendimento fez testes para entender novas demandas

“Chegamos a fazer outros modelos, mas retornamos para a pensão completa, o que elevou consideravelmente nossos índices de satisfação. Para mim, é o melhor caminho”, acrescenta o executivo.

O raciocínio foi reforçado por Monteiro, afirmando que o conceito de modelo ideal varia de acordo com o perfil de cada empreendimento. “Para nós, o all inclusive tem se aplicado bem, porque otimiza o planejamento financeiro do cliente. Óbvio que isso não é uma regra, mas para nós tem sido bastante positivo”, destaca.

Por outro lado, o profissional considera que o modelo tem dificuldades para equilibrar a ação baixo custo x qualidade. “Em relação ao modelo à la carte, o all inclusive realmente sofre um pouco, mas o cliente já sabe o que vai encontrar quando opta por isso”, explica.

Mudanças no comportamento do cliente

Munhoz, em sua participação no painel da Anufood, mencionou que a pandemia criou novos clientes, com novas exigências. A afirmação foi reforçada por Boasorte. “A pandemia potencializou o mundo digital, e ali cada um tem seu próprio mundo. Dentro deste cenário, os clientes querem tudo ‘para ontem’, estão cada vez mais exigentes. Ou seja, as pessoas aceleraram a forma como vivem, principalmente em relação aos resultados que elas buscam”, avalia.

O profissional ressalta que esta busca por rapidez e praticidade também se estendeu para o segmento de eventos. “Não é só no lazer que percebemos essa tendência. Nos eventos, que experimentam alta gradual de demanda, o consumidor está ávido por resultados cada vez mais rápidos”, explica.

Novos desafios

Em sua fala, Pio declarou que a perda de mão de obra neste período de retomada tem sido um dos grandes desafios para o segmento de resorts. “A pandemia causou um esvaziamento evidente da força de trabalho. Por isso, temos optado por muitos trabalhadores terceirizados para garantir que essa alta de demanda, principalmente em eventos, seja atendida de forma satisfatória”, pontua.

Além disso, os painelistas da Anufood mencionaram a alta dos custos operacionais como desafio. “Temos tido aumento dos insumos, por exemplo, e chega um momento em que é impossível não repassar esse valor nas nossas tarifas”, explica Monteiro.

Complementando o raciocínio, Boasorte explica que a eventual elevação dos preços está diretamente ligada à qualidade da mão de obra oferecida, o que torna a equação ainda mais delicada. Como iniciativa, o executivo reforça a necessidade de capacitação de profissionais.

“Em um cenário como este, firmar parcerias com fornecedores, por exemplo, pode ser uma alternativa para driblar a alta inflacionária que estamos vivendo, e que nos afeta diretamente”, finaliza Pio.

(*) Crédito das fotos: Peter Kutuchian/Hotelier News