Iniciando o segundo dia de palestras da Anufood Brazil 2022, aberta há dois dias em São Paulo, Daniel Saldanha, CEO da L’Entrecote de Paris, apresentou o painel Tudo sobre dark kitchen e delivery. Na oportunidade, o profissional – um dos primeiros a montar uma dark kitchen no Brasil – falou sobre essa tendência, que cresceu consideravelmente durante a pandemia e vem ganhando ainda mais notoriedade neste período de retomada.

Iniciando sua fala na Anufood, o profissional pontuou que começou a empreender no ramo de alimentação em 2018 após uma viagem à China, onde pôde observar o potencial deste novo modelo de negócio. “Nessa viagem, conheci um case de uma startup na qual o dono começou entregando comida a pé, e subindo de nível pouco a pouco, e aquele modelo de negócio foi completamente inspirador para mim”, explicou.

Em seguida, Saldanha falou sobre o conceito de cloud/dark kitchen, que reúne diversas cozinhas em um único espaço, atendendo às demandas de delivery por aplicativo. “No fim de 2018, estávamos abrindo nosso primeiro espaço e, enquanto testávamos tudo, recebemos o primeiro pedido. Ou seja, começamos ‘sem querer’ e a partir dali nunca mais paramos, com a demanda aumentando cada vez mais, mostrando novos hábitos de consumo. Seis meses depois, firmamos sociedade com a XP Investimentos”, acrescenta.

Mudanças no mercado de alimentação

O executivo afirmou ainda que o negócio começou com o propósito de promover mudanças no mercado de alimentação e acompanhar os novos hábitos do consumidor. “Por outro lado, durante a pandemia os apps retiraram os incentivos, e o fato de não termos uma marca forte fez nosso preço despencar”, avalia.

“Ao mesmo tempo, vimos a demanda de delivery crescer cada vez mais. A partir daí, vendemos nossa estrutura para um grande grupo e conseguimos expandir. No L’Entrecote, no General Prime e no Tahin, abrimos várias dark kitchens e, logo em seguida, fechamos parceria com o Skenta Delivery, e isso nos ajudou a operar de madrugada, por exemplo. Por isso, estamos preferindo trabalhar com marcas que já tenham uma clientela, o que agiliza consideravelmente o negócio”, complementa.

Atualmente, explica Saldanha, que o negócio pode ser aplicado em hotéis e outros empreendimentos com estrutura de A&B. “Hoje, disponibilizamos toda a nossa expertise para hotéis, restaurantes e demais modelos de negócio. É isso que fazemos e eu não podia estar mais satisfeito”, analisa.

Hotéis precisam se reinventar

Ainda de acordo com Saldanha, as dark kitchens aliadas à operação de empreendimentos hoteleiros pode trazer grandes mudanças no A&B. “Os hotéis precisam olhar para isso, se reinventar e oferecer melhores opções. Hoje, colocar um cardápio em cima de um frigobar e esperar o cliente ligar para o room service já não funciona”, explica.

Anufood - Palestra_Saldanha

Saldanha: dark kitchens podem elevar experiência do hóspede e elevar receita

 

O executivo observa que é necessário ressignificar a expressão “comida de hotel” para atender às novas necessidades do consumidor, que está cada vez mais exigente. “Hoje, é necessário que a experiência de A&B se torne sua marca, não só para os hóspedes, mas para o cliente que quer comer em casa. Ou seja, o delivery é uma grande oportunidade para os hotéis, com toda uma estrutura disponível. É só querer”, finaliza.

(*) Crédito das fotos: Peter Kutuchian/Hotelier News