O hoteleiro brasileiro seguiu lutando pela sobrevivência no ano passado, como ilustram os dados do InFOHB. Ainda assim, apesar dos efeitos incertos da Ômicron no segmento de viagens (principalmente corporativas), a expectativa é mais promissora para 2022. Para Orlando Souza, presidente executivo do FOHB (Fórum de Operadores Hoteleiros do Brasil), será um “um ano para tentar começar o voo”.

Em entrevista ao Hotelier News, o dirigente fez uma análise das perspectivas para a hotelaria nacional este ano. Segundo Souza, a expectativa das operadoras associadas ao FOHB é de ao menos recuperar os índices de 2019, apesar dos conhecidos desafios econômicos que anos eleitorais costumam oferecer no Brasil. “O que não significa que seja positivo, é bom lembrar”, complementa.

Para explicar melhor a afirmação, ele destaca que ainda existe uma distância considerável entre os indicadores de 2019 e os registrados no pico do setor, obtidos nos anos pré-Copa do Mundo de 2014. “Se conseguirmos voltar para os patamares de 2015 nos próximos anos já estará bom. Havíamos iniciado essa retomada em 2019, mas veio a pandemia. Para 2022, acreditamos em uma recuperação um pouco mais acelerada, mas a caminhada ainda é longa.”

O otimismo de Souza para este ano é pautado pelos resultados do final do ano. Em dezembro, segundo dados do InFOHB, as operadoras brasileiras registraram alta nos três principais indicadores do setor. Frente a 2019, a taxa e ocupação subiu 2%, enquanto a diária média e o RevPar avançaram 4,7% e 6,7%, respectivamente. “O último trimestre, no geral, foi um alento, com retomada de demanda considerável e recuperação das tarifas. Ficamos com essa imagem”.

Orlando Souza - dados dezembro_InFOHB

Desafios

Apesar disso, Souza sabe que há desafios relevantes para esse ano. O principal deles, após a pandemia corroer por completo o caixa dos hotéis, é voltar a remunerar os investidores. “Citando o Eduardo Giestas, ele costuma dizer em nossas reuniões de diretoria que as operadoras não serão avaliadas pelo aumento da ocupação, mas em gerar valor para seus investidores. E, para isso, tem que fazer receita”, comenta.

Outro desafio é a nova cepa do coronavírus, que lota os hospitais das grandes metrópoles brasileiras, apesar da letalidade menor do que das outras ondas. “Ainda é cedo para qualquer prognóstico, mas acho que o mundo já aprendeu a conviver com o vírus, sabe tomar os cuidados necessários. Além disso, o Brasil tem uma parcela boa da população vacinada. Um possível foco de atenção, na verdade, pode estar na indústria, nem tanto no consumidor”, avalia Souza.

“Isso porque podem ocorrer muitos afastamentos em função de casos positivos entre funcionários. No setor aéreo, por exemplo, houve muitos cancelamentos de voos pela falta da tripulação”, destaca. “Ainda assim, acho que a indústria dará um jeito. As empresas aéreas conseguiram permissão para voar com menos comissários. Já a hotelaria talvez tenha que contratar mais temporários para suprir a ausências no time”, completa.

Apesar da incerteza da Ômicron, Souza se diz otimista quanto à retomada do corporativo. “As projeções mostram que, a partir de março, o contágio com a nova cepa deve arrefecer. Então, não acreditamos que haverá impacto no segmento Mice, que é muito importante para praças centrais como São Paulo e Rio de Janeiro”, avalia. “Já as viagens de negócios seguirão sua recuperação. PMEs não pararam no ano passado e não devem fazer isso agora. As grandes empresas estão retomando. Talvez as viagens de negócios internacionais demorem um pouco mais”, finaliza.

(*) Crédito da capa: Nayara Matteis/Hotelier News

(**) Crédito infográfico: Divugação/FOHB