belo horizonte- retomadaHotelaria está inclusa entre os serviços essenciais da capital mineira

Ao contrário da capital paulista, que avança na flexibilização da quarentena, Belo Horizonte recua para a fase inicial, liberando apenas serviços essenciais. Na última sexta-feira (26), o prefeito Alexandre Kalil anunciou medidas para tentar frear o contágio do coronavírus, que passam a valer a partir de hoje (29). Entre os estabelecimentos liberados para funcionar estão os hotéis, mas diante dos novos obstáculos para a geração de demanda… a hotelaria se sente novamente na estaca zero.

A decisão foi tomada em conjunto pelo prefeito e especialistas do Comitê de Enfrentamento à Epidemia de Covid-19. Para o processo de retomada, foram levados em consideração três indicadores: taxa de ocupações em leitos de UTI, número médio de transmissão por infectados e leitos de enfermaria específicos para a doença.

Segundo informações do jornal Estado de Minas, atualmente as taxas de ocupação de leitos de UTI e enfermaria são de 86% e 67%, respectivamente. Já o número médio de transmissão é de 1,09. Divulgado na sexta-feira, boletim da Secretaria Municipal de Saúde registrou 4.997 casos de Covid-19, além de 109 mortes.

"Quando fui alarmista, quando avisei que o bombardeio ia chegar, todos os aproveitadores de plantão usaram muito isso (contra mim). Então, quero avisá-los que o bombardeio chegou à nossa cidade e nós vamos tentar controlá-lo", disse Kalil ao jornal mineiro.

Em 18 de março, Belo Horizonte colocou em prática suas primeiras medidas de isolamento social, apenas com serviços essenciais em funcionamento. Com o índice de infectados controlado (1.434), e tendo ainda 42 óbitos em um período de 70 dias, a capital mineira relaxou as ações restritivas. Em 25 de maio, a prefeitura iniciou o processo de reabertura do comércio, incluindo shoppings, salões de beleza e comércio varejista. A partir do dia 8 de junho, a flexibilização foi ampliada, liberando lojas de diferentes segmentos.

Belo Horizonte: hotelaria

Segundo dados divulgados pelo FOHB (Fórum de Operadores Hoteleiros do Brasil), atualmente cerca de 49% da oferta hoteleira do país está em funcionamento. Com 25 hotéis associados e 4.625 UHs na base de análise da entidade, a capital mineira está com 53,12% das unidades operando.

“Voltamos para a estaca zero. Belo Horizonte se destacou pelos baixos índices de infectados, mas, infelizmente, com as flexibilizações a população deixou de lado as preocupações. Os hotéis que estão abertos permanecerão, pois os hóspedes são condôminos que não podem sair. Vamos dar continuidade ao nosso planejamento, mas as inseguranças do passado não existem mais. As demissões que deveriam ser feitas já foram. Já ajustamos nossa operação e, agora, temos que administrar o quadro”, comenta Pablo Ramos, CEO da MHB Hotelaria.

Expectativa

A avaliação de Ramos é bem parecida com a de Maarten Van Sluys, consultor hoteleiro com atuação em Minas Gerais. Segundo ele, a Grande BH tem atualmente 42 hotéis com atividades suspensas e outros 109 em funcionamento, todos em regime máximo de 10% de operação. No momento, esses empreendimentos registram 15% de ocupação e utilizam, em média, um estafe de apenas 25% do total original. “É uma decisão que, com toda certeza, muda  a tendência de retomada da hotelaria na cidade. Havia a expectativa de que mais cinco hotéis reabrissem até o fim da primeira quinzena de julho, mas os hoteleiros devem rever essa possibilidade” afirma.

Para a reportagem do Hotelier News, Van Sluys montou uma espécie de retrospectiva do que aconteceu desde o início da pandemia em Belo Horizonte. Segundo ele, em abril, 52 hotéis paralisaram operações, número que caiu para 45 em maio e, posteriormente, para 42 em junho. “Agora, havia a expectativa que mais sete retomassem atividades. Não há notícias de que empreendimentos que reabriram nos últimos meses voltem a fechar, mas isso não é algo que possa ser totalmente descartado”, pondera o consultor, que destaca a grande preocupação relativa à volta dos funcionários que tiveram jornada reduzida ou contratos suspensos em função da MP 936.

“Estamos na expectativa pela prorrogação. Isso vai ser capital para a decisão de vários hotéis de permanecer ou não no mercado. Dos 52 empreendimentos que paralisaram operações logo no início da pandemia, já sabemos que oito fecharam definitivamente. Agora, nossos esforços estão voltados para que esse número não aumente. Não vai ser fácil. Há um efeito W acontecendo, com um abre e fecha de atividades, e isso pode transformar a vida economia do país, assim como da hotelaria, em algo insustentável a médio e longo prazos”, finaliza.

(*) Crédito da capa: aglaiaoliveira/Pixabay

(*) Crédito da foto: Divulgação/MHB Hotelaria