alagev- coronavírusApenas 3% dos gestores de eventos afirmam ter cancelado suas ações

O surto de coronavírus vem causando estragos em diversos setores da economia. Hoje (11), a SPE (Secretaria de Política Econômica) reduziu as projeções para o PIB deste ano, caindo de 2,4% para 2,1%. Com um cenário preocupante, a Alagev (Associação Latino Americana de Gestores de Viagens e Eventos Corporativos) divulgou um levantamento sobre como a covid-19 está afetando o mercado.

A pesquisa foi respondida por 262 profissionais, sendo 62 gestores de eventos, 101 gestores de viagens e 99 fornecedores (cruzeiros, resorts, tecnologia, destinos, agências de eventos, empresas de transporte, TMC’s, hotelaria, companhias aéreas, agências de incentivos, áudio, vídeo entre outros).

Eduardo Murad, diretor-executivo da Alagev, afirma que ainda é cedo para prever números e o possível acumulado de perdas e remanejamentos. Segundo dados levantados pela entidade, 43% dos gestores de eventos afirmam que não houve cancelamentos nas empresas onde trabalham e, apenas 3% dos entrevistados cancelaram eventos de qualquer natureza. Outros 21% dizem ter postergado os encontros e 28% responderam que as ações foram parcialmente canceladas.

Ainda de acordo com a perspectiva dos gestores de eventos, 48% das empresas cancelaram a participação em eventos internacionais; enquanto 46% das empresas não cancelaram a participação em eventos; e, apenas 6% cancelou a participação em encontros de qualquer natureza. Europa e Ásia estão entre os destinos mais afetados pelos cancelamentos, seguido de América do Norte e Central. 

Os meeting planners ainda acreditam que os eventos sejam retomados completamente a partir do próximo trimestre (44%), embora uma grande parte (29%) ainda não tenha ideia sobre essa retomada.

alagevMurad: papel dos gestores é estratégico deste momento

Alagev: viagens corporativas e fornecedores

Do ponto de vista de fornecedores, 62% dos respondentes afirmam que houve cancelamento parcial de viagens para apenas alguns destinos, 27% apontam que as viagens foram canceladas totalmente e 11% dizem não haver cancelamento. Os destinos com maior acúmulo de cancelamentos são Ásia, Europa e América do Norte e Central.

Fornecedores afirmam ainda que, para 37% de seus clientes, não houve alteração na política de viagens, para 33% deles, é preciso uma pré-autorização do gestor para realização das mesmas e 30% afirmam que, após o surto, a política de viagens foi alterada, tendo a necessidade de pré-aprovação da área de segurança, bem-estar e|ou medicina do trabalho.

Já em relação aos eventos, para 41% dos clientes de fornecedores os eventos foram parcialmente cancelados, 39% postergaram a ação, 11% não tiveram cancelamentos, 7% cancelaram todos os encontros e 1% alteraram o local|destino.

Assim, como os meeting planners, os fornecedores acreditam que os eventos e viagens corporativas devem retomar ao ritmo normal no próximo trimestre (48% para viagens) e 38% para eventos. Apenas 2% acreditam que as viagens se normalizem em 2021 e, 5% apostam na retomada dos eventos para o próximo ano.

Mais da metade (52%) dos respondentes de fornecedores afirmam que o covid-19 teve um impacto significativo nas atividades, 32% dizem que o impacto foi moderado, 12% leve, 3% nulo e 1% ainda não soube estimar.

Já os gestores de viagens apontam que 63% das viagens corporativas foram parcialmente canceladas em alguns destinos, 13% tiveram o cancelamento total e 24% não sofreram com cancelamentos. Quando questionado sobre os destinos com maior índice de cancelamento, mais uma vez a Ásia e a Europa lideram as respostas, seguida da América do Norte e Central.

Ainda que o surto de coronavírus tenha impactado o setor, cerca de 66% dos gestores de viagens afirmam que não houve alteração na política de viagens da empresa, já 17% indicam ajustes na conduta, como pré-aprovação do gestor, e 16% relatam que as viagens só são permitidas com pré-aprovação da área de segurança, bem-estar e |ou medicina do trabalho.

alagev40% dos gestores de viagens não sabem quando o ritmo será reestabelecido

Retomada de mercado

Os gestores de viagens são mais cautelosos sobre a retomada das viagens e 40% diz não saber quando o ritmo deve ser reestabelecido, enquanto 31% acreditam que no próximo trimestre a situação deva se normalizar; e 23% apontam para o 3º trimestre. Somente 3 e 2% acreditam que as viagens corporativas voltem ao patamar de crescimento a partir do 4º trimestre, ou ainda em 2021.

Em relação às ações tomadas para minimizar os impactos da epidemia para os negócios, gestores de eventos e viagens tem medidas parecidas, como o uso da tecnologia para vídeo ou teleconferência, revisão do plano de crise e criações de comitês, além do cancelamento de viagens e eventos não essenciais.

Já os fornecedores afirmam rever o plano de crise diariamente e colocar em prática o plano de contingência, flexibilização nas políticas de alteração de passagens, além de buscar soluções tecnológicas para facilitar o dia a dia.

“O impacto do novo coronavírus abre um precedente sem igual para o nosso mercado. O papel dos gestores eventos e viagens é ainda mais estratégico nesse momento, pois é necessário estar conectado às estratégias e contingentes da empresa e participar ativamente dos planos de ação, seja analisando os riscos ou decidindo a continuidade dos eventos ou não. É um trabalho diário de análises e acompanhamento, que vai muito além de cancelar ou não viagens e eventos, mas como as empresas podem minimizar os impactos em seus negócios. Os fornecedores são peças fundamentais nessa logística, pois nesse momento seu conhecimento e atitude serão fundamentais para o suporte dos seus clientes”, finaliza Murad.

(*) Crédito da capa: Philip Fong/AFP

(**) Crédito da foto: Nayara Matteis/Hotelier News

(***) Crédito da foto: Zanone Fraissat/Folha de São Paulo