Se o associativismo já era tendência no turismo, 2020 chegou para consolidar esse movimento. Com o caos instaurado no mercado, entidades se desdobraram para amenizar os efeitos gerados pela crise. É o caso da Alagev (Associação Latino Americana de Gestão de Eventos e Viagens Corporativas), que no último ano em parceria com seus afiliados gerou conteúdos relevantes e ferramentas que seguem auxiliando o setor na retomada.

Sabendo da importância dos dados no planejamento de crise, o primeiro passo da associação foi desenvolver um levantamento do impacto da pandemia nos segmentos Mice e de viagens corporativas. Iniciativa que já indicava um panorama complicado para os próximos meses que se consolidou como uma paralisação dos volumes de negócios.

“O primeiro momento foi de susto, mas pensamos como poderíamos estender a mão para o mercado e associados. A primeira live do trade fizemos antes de ser decretada a pandemia e como iríamos nos preparar e de que forma o setor iria se comportar. Alinhamos o propósito de entregar conteúdos relevantes e amparar os afiliados neste momento”, conta Eduardo Murad, diretor executivo da Alagev.

Ainda em março, quando a pandemia parecia apenas um furacão passageiro, a entidade lançou um manifesto ao lado de um manual de boas práticas. Nos meses seguintes, a associação entrou na onda das lives como forma de agregar e educar os segmentos. “Promovemos uma série de cursos gratuitos com foco em eventos e viagens para preparar os profissionais durante o período de paralisação. Criamos um grupo de apoio com psicólogos para empresas que não ofeceriam esse tipo de suporte aos seus funcionários. Foi muito bacana e os associados adoraram a iniciativa”, destaca Murad.

Internamente, a Alagev não parou. Com home office decretado e um planejamento de redução de custos, as mudanças na rotina da entidade não impediram a entrega dos conteúdos. Reuniões virtuais e comitês setoriais foram implementados como forma de manter a associação em plena atividade.

alagev - balanço - lacte

Lacte 15 foi o último grande evento antes da pandemia

Alagev: ferramentas de apoio

Uma das principais iniciativas foi a criação do Velocímetro, plataforma colaborativa voltada a gestores de viagens e eventos alimentada pelos próprios associados. “A ideia era oferecer um site para trocar informações e atualizações sobre a real situação do mercado”, explica o diretor. Com um marcador que vai de zero a 100, a ferramenta é atualizada com dados sobre o segmento Mice, turismo, malha aérea e hotelaria.

Outra ação de relevância foi o desenvolvimento de plataformas colaborativas no LinkedIn e o Alagev Jobs, criada com o intuito de auxiliar profissionais que perderam seus cargos devido à pandemia. “Muitas pessoas foram desligadas. Cerca de 1,5 mil profissionais estão em busca de recolocação e foi a maneira que encontramos para contribuir”.

Espaços virtuais e oito trade talks foram realizados em 2020 em formato de bate papo com espaços para mantenedores da entidade abertos para o mercado também trouxeram conteúdos disponíveis para quem quiser assistir. “Dentro das atividades, fizemos mini fóruns de viagens e incentivo transmitidos pelo YouTube. Trouxemos tendências de eventos virtuais e híbridos, corporate travel e startups com tecnologias voltadas ao setor”, salienta Murad.

A Alagev ainda realizou pesquisas de mercado sobre sustentabilidade e transparência, focando em como gestores e fornecedores podem melhorar o relacionamento com o mercado.

Para completar, em dezembro o selo Alagev Checked foi lançado como forma de reconhecimento de players que cumprirem os protocolos recomendados. Apesar de não funcionar como certificação, a novidade pode ser concedida para associados e não associados. “Auditamos os protocolos e estamos com propostas a serem assinadas. Os auditores farão a inspeção de forma oculta e depois divulgaremos os empreendimentos que receberam o selo”.

Impacto na entidade

A Alagev fechou 2020 com mais associados do que começou. Apesar da evasão de fornecedores, a entrada de clientes supriu a demanda. “Clientes gestores não pagam anuidade, é uma associação gratuita. Entretanto, os fornecedores precisam dar uma contribuição.

A entidade ainda oferece um produto de projetos customizados para empresas, que funciona como uma fonte de renda complementar. “Começamos o ano com dois projetos e entregamos Club Med, o que gerou receita para a associação”, conta o diretor.

Cursos e eventos com taxas de contribuição foram retomados em outubro e ajudaram a alavancar o caixa. “Fizemos algumas lives e eventos híbridos pagos, além de um curso com 42 alunos que foi um sucesso sobre como construir um evento do zero”.

Como é tradição, a cada dois anos a entidade faz mudanças em sua gestão e em 2020 não foi diferente. “Independente de Covid, já temos como procedimento a troca de diretorias a cada dois anos, sempre intercaladas. Fizemos eleições também no Lacte do ano passado, o último grande evento antes da pandemia”.

Falando no evento, mudanças estruturais foram necessárias para a realização do evento que acontece no mês que vem. Em formato híbrido e com feira virtual, o Lacte 16 conseguiu internacionalização mesmo com a crise no setor. “Nos últimos anos, fizemos reestruturações e reunimos 1.100 pessoas. Entendemos que este ano não dava para fazer isso. Agora, o Lacte deixa de ser único e se torna na trilha, com eventos menores em formato pop up”.

Murad explica que o evento estará mais focado em conteúdo e menos na entrega, com speakers latino-americanos. O diretor ainda conta que as inscrições serão mais baratas por conta da economia na estrutura. “A mudança é forçada, mas temos que mostrar responsabilidade. Este é o modelo que será possível neste momento, mas acredito que no futuro o formato híbrido irá perdurar”.

(*) Crédito da capa: Arquivo HN

(**) Crédito da foto: Divulgação/Alagev