Ontem (13), o Hotelier News publicou uma matéria sobre o cenário do mercado de multipropriedade atualmente e suas perspectivas para o pós-pandemia. Diante do aumento de projetos do segmento no país e a grande adesão por parte de investidores hoteleiros, a ADIT Brasil promoveu hoje (14) um webinar para debater os desafios da administração de hotéis no modelo de negócio.

A transmissão contou com a participação de três executivos da Wyndham Hotels & Resorts, que hoje opera dois empreendimentos de propriedade compartilhada no país. Armando Ramirez, diretor de Novos Negócios Cone Sul; Hiram Della Croce, diretor Regional Brasil e Bolívia, e Marc Balanger, gerente geral do Wyndham Gramado falaram sobre as administrações das frações e pool hoteleiro, relação com os proprietários e prestação de contas.

Como pano de fundo, Martín Díaz, da ADIT Brasil, atualizou alguns números do segmento de multipropriedade no Brasil. O crescimento do setor no ano passado foi de 18% frente a 2019, chegando a 432 mil frações, o que representa um aquecimento pujante, apesar da crise.

Moderador do debate, Ramirez iniciou o bate-papo apresentando os produtos da Wyndham. “Acompanhei o desenvolvimento da multipropriedade na América do Sul, que antes não tinha uma lei reguladora. Agora, o Brasil possui essa lei. O brasileiro tem a cultura de tirar férias e gosta do conceito de segunda residência”.

Para dar maior entendimento sobre o assunto, Della Croce diferenciou as operações da hotelaria tradicional e de multipropriedade. “Nos anos 90, surgiu o condo-hotel, o que ajudou no desenvolvimento da hotelaria no país pelo preço de incorporação e o modelo se consolidou. A multipropriedade começou a ganhar um tamanho que ninguém imaginava. Hoje, somando Gramado e Olímpia, temos 12 mil proprietários. Existe uma complexidade na estrutura de prestação de contas, de gestão de condomínio e resultados”.

Segundo o gerente do Wyndham Gramado, um dos pontos de atenção na administração de propriedades compartilhadas é a transparência com o cliente, esclarecimentos das regras de uso, benefícios, pagamentos e prestação de contas. “Para isso, elaboramos ferramentas de comunicação, pois o proprietário vem para o uso e se sentem donos daquilo”.

Adit Brasil - mercado de multipropriedade

         Executivos falaram sobre os 2 produtos de multipropriedade da rede no país

ADIT Brasil: expectativa e perfil do cliente

Em média, um projeto de multipropriedade leva entre dois e três anos para ser entregue. Durante esse tempo, vendas de frações são feitas e, consequentemente, a expectativa do comprador aumenta. Balanger explica que até o empreendimento ficar pronto para uso, as empresas precisam atualizá-los sobre o andamento das obras como forma de alimentar o desejo pela fração.

“A venda é interessante e ao longo da espera você vai mantendo aquilo vivo, mostrando a evolução da construção. O proprietário recebe links sobre a obra, explicação de regras, serviços, criando um sentimento de pertencer e expectativa”.

E em Gramado o perfil desse cliente se divide. São proprietários que fazem o uso das semanas, aquele que nem sempre pode utilizar e coloca no pool, e o público que vai ao empreendimento, gosta e acaba se tornando proprietário também. “Normalmente, os donos de frações já vêm com frequência ao destino. São famílias, em média 40%, do mercado regional, que preferem viajar de carro. O restante são demandas de São Paulo e Rio”, explica Balanger.

Já em Olímpia, 80% dos clientes, seja proprietário ou do pool, viajam de carro vindos de cidades do interior paulista, capital, Triângulo Mineiro e Norte do Paraná. “O produto foi concebido para receber famílias. Nossos quartos têm capacidade para acomodar até quatro pessoas de maneira confortável, além de oferecermos entrada exclusiva ao parque Thermas dos Laranjais”, pontua Della Croce.

Impacto da pandemia

Sobre os efeitos da pandemia nos produtos, Della Croce ressalta que as ocupações conversam com os decretos governamentais. “Em via de regra, tanto em Olímpia quanto Gramado, quando são flexibilizadas as medidas e permitido o uso de áreas de lazer, recebemos uma boa ocupação”.

O diretor ainda destaca que muitos proprietários buscam os empreendimentos como uma segunda casa e refúgio em períodos de quarentena. “Vale frisar que fechamos os hotéis apenas mediante decretos. Mesmo com baixa ocupação, para nós é importante manter aberto para vendas futuras. Existe uma credibilidade para o cliente comprar quando o empreendimento está ativo. Vivemos isso na prática e aconteceu”.

Com muitos proprietários financeiramente afetados, os produtos sofreram com o aumento de inadimplentes. Atualmente, a taxa de inadimplência em empreendimentos da Wyndham varia entre 12% a 15%. Diante do cenário, a rede passou a flexibilizar suas políticas e dar maiores condições de pagamento.

“Temos tentado criar formas de fazer com que os clientes paguem parcelado e, desta forma, minimizar o impacto financeiro que todos sofremos. Existe uma perda de renda das pessoas, mas esperávamos que o índice fosse até mesmo maior e temos conseguido controlar a taxa nos dois produtos”, acrescenta Della Croce.

(*) Crédito da capa: Divulgação/Wyndham Hotels & Resorts

(**) Crédito da foto: reprodução