Para finalizar o ciclo de divulgação dos resultados financeiros das grandes cadeias hoteleiras globais, chegou a vez da Accor. Como as rivais, a rede francesa teve sua operação bastante afetada pelo Covid-19 e queimou bastante caixa, mas com isso conseguiu evitar um desastre ainda maior. Apesar da expressiva queda na receita, investidores receberam bem os números divulgados pela empresa e as ações da Accor subiam 0,98% no momento em que esta reportagem era escrita na Bolsa de Paris. O movimento de alta nos papéis, aliás, vem desde o início da semana, com o mercado já projetando uma performance acima do esperado.

Accor - resultados financeiros 2020_ações

Desde segunda-feira (22), ações da Accor estão em viés de alta

A Accor encerrou 2020 com receita total de € 1,621 bilhão, 60% abaixo do registrado em 2019. Já o Ebtida (Lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização) encerrou o ano fiscal negativo em € 391 milhões, 147% inferior ao desempenho do ano anterior (€ 825 milhões). A reversão no indicador tem íntima ligação com expressiva queda de 62% no RevPar global frente ao ano anterior. Diante disso, a companhia reportou um prejuízo líquido de € 1,988 bilhão no ano passado.

Na América do Sul, segundo a rede francesa, o recuo no RevPar foi de 61,9% frente a 2019. Já a receita oriunda dos contratos de Management & Franchise cedeu 65,3% na mesma base de comparação. Aqui, vale ressaltar a política adotada pela companhia de flexibilizar as taxas pagas pelos investidores para preservar o caixa dos hotéis, como Patrick Mendes havia confirmado ao Hotelier News ainda em maio de 2020.

Accor: gastos, oferta e pipeline

Chama atenção no balanço os altos gastos da rede francesa para preservar a operação o máximo possível. Em média, ao longo do ano, a Accor injetou € 61 milhões mensais, com pico de € 150 milhões em março e de € 100 milhões em maio. Já a dívida líquida consolidada permaneceu praticamente estável de um ano para o outro, recuando de € 1,353 bilhão, ao fim de 2019, para € 1,346 bilhão, 12 meses depois.

“Em 2020, a indústria hoteleira passou por uma crise sem precedentes. Em resposta à pandemia, a Accor, seus funcionários e investidores fizeram um esforço extraordinário para apoiar os mais afetados, continuando a defender seus valores. Ao mesmo tempo, a implementação de medidas para proteger nossas finanças foi rápida e disciplinada. As ações trouxeram benefícios ao longo do segundo semestre do ano e ajudaram a limitar o impacto da crise”, avalia Sébastien Bazin, CEO da Accor, em comunicado ao mercado.

Ao fim de 2020, a rede francesa inaugurou 205 hotéis, (28.942 quartos). Com isso, a empresa chegou a 5.139 unidades (753.344 apartamentos) no portfólio, crescimento orgânico de 1,9% frente ao ano anterior. Além disso, a Accor reportou ter chegado ao fim do ano com 1.209 empreendimentos (212 mil habitações) no pipeline, dos quais 73% estão em mercados emergentes como o Brasil.


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Queda do RevPar por país/região

Europa: -63%
França: -57,5%
Reino Unido: -73,3%
Alemanha: -64,7%
Espanha: -74,9%
Ásia-Pacífico: -54,9%
China: -44,2%  (-18,1% no último trimestre)
Américas do Norte e Central e Caribe: -73,9%
América do Sul: -61,9%


No comunicado ao mercado, Bazin destacou iniciativas implementadas para planejar com antecedência a recuperação econômica. Entre elas, o executivo destacou as ações voltadas para consolidar a participação da Accor no segmento lifestyle, como as parcerias com Ennismore e Faena. “Em 2021, enquanto a vacina está garantindo uma recuperação gradual no turismo⁠, em grande parte impulsionada pelo turismo de lazer, a Accor estará bem posicionada para se beneficiar da recuperação e seguir em frente com seu roteiro de recuperação”, finaliza.

(*) Crédito da foto: Divulgação/Paris Saint Germain