Exposta à performance da hotelaria europeia, que concentra parte relevante dos seus hotéis globalmente e ainda enfrenta lockdowns, a Accor teve um primeiro trimestre ainda de resultados difíceis. A receita, por exemplo, cedeu 48% frente igual período de 2020, quando os efeitos da pandemia ainda não haviam sido sentidos de maneira mais dura, totalizando € 361 milhões. Em relação aos primeiros três meses de 2019, por exemplo, a redução é de 57%. Vale destacar que, em 2020, a rede francesa encerrou o ano com perdas de € 2,4 bilhões.

Globalmente, o RevPar da Accor cedeu 64,3% frente a igual período de 2019. Ainda assim, houve avanços em partes da Europa, Austrália, Oriente Médio e América do Norte, na comparação anual. Na América do Sul, o indicador caiu 62,9%, após apresentar melhora até o início de 2021. Com o recrudescimento da segunda onda, principalmente no Brasil, onde variantes mais agressivas levaram a medidas mais restritivas das autoridades, o cenário voltou a complicar, informou a rede francesa.

Já a América do Norte e Caribe apresentou queda de 76% no RevPar frente a igual período de 2019. A região, contudo, é fonte de otimismo para Accor, já que a vacinação avança aceleradamente nos Estados Unidos. Um ponto de reflexão sobre a performance dos hotéis da empresa nos EUA é que muitas deles ficam em áreas urbanas ou têm apelo para os segmentos Mice e corporativo, que ainda não retomaram na velocidade do lazer.

No Reino Unido e Alemanha, o RevPar caiu cerca de 87%, enquanto, na Espanha, o indicador cedeu 80%. No país sede da rede francesa, a métrica recuou 60,8%, com ligeira melhora em relação ao último trimestre de 2020. No entanto, o terceiro lockdown na França, decretado no início de abril, deve trazer reflexos negativos no balanço do segundo trimestre, comentou a Accor. Abaixo, é possível ver o desempenho dos principais KPIs da companhia nas diferentes regiões que atua,

Accor - balanço 1 tri 2021_gráfico

Accor: perspectivas globais

Apesar do desempenho ruim no trimestre, as principais lideranças da rede francesa estão bastante otimistas com as projeções para o verão europeu. O lockdown na França, por exemplo, deve acabar em meados de maio, enquanto as restrições no Reino Unido também vem sendo flexibilizadas à medida que a vacinação avança no país. Espera-se também que, nos próximos meses, a imunização acelere em toda a UE (União Europeia).

Combinada à taxa de poupança mais alta das famílias europeias, como mostra recente estudo, a Accor está confiante em expansão das viagens no Velho Continente no meio do ano. “Existem macro-elementos que indicam que a demanda estará lá”, comentou Jean-Jacques Morin, CFO global da Accor, em conversa com investidores. O executivo disse também que o otimismo com o futuro no curto prazo não se baliza apenas nas projeções para o verão. Ele destacou o caixa robusto – US$ 4,3 bilhões, para ser exato – e o plano de redução de custos atualmente em curso.

“O segundo trimestre não será um milagre, mas você já poderá observar todos os efeitos do que descrevemos em termos de economia de custos e, em conjunto, com a aceleração da distribuição da vacina”, comentou Morin. “Este é, obviamente, o caminho a seguir”, finaliza.

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(*) Crédito da foto: Antoine Antoniol/Bloomberg