Com boa performance no litoral e interior, a hotelaria paulista registrou melhora de 17% na ocupação de julho ante junho. No entanto, segundo Ricardo Roman Jr., presidente da ABIH-SP (Associação Brasileira da Indústria de Hotéis de São Paulo), a saúde financeira dos hotéis ainda é sinônimo de preocupação.

Em entrevista à reportagem do Hotelier News, o executivo explicou que a ocupação registrada no estado (39,62%) já está melhor que a maioria dos meses na pandemia. Por outro lado, além de ter sido puxada pelo ritmo lento da capital, o índice positivo em destinos de praia e interior ainda não fala muito sobre a situação real do segmento.

“Ainda convivemos com a falta de eventos e hóspedes corporativos na cidade de São Paulo, derrubando os níveis gerais. A expectativa é que se continuar ou melhorar o ritmo da retomada, o número de eventos cotados ou reservados a partir de outubro aumente ainda mais na capital. No entanto, mesmo com isso e o verão agitado em hotéis de interior e litoral, ainda é preciso levar em consideração a diária média abaixo do necessário em todas as unidades. É pensando nisso que vemos o longo caminho que precisamos percorrer para a recuperação, talvez de três ou quatro anos”, afirma o presidente da ABIH-SP.

A razão para isso, segundo ele, está no endividamento dos empreendimentos ao longo de mais de um ano de pandemia. Em contraponto, então, ele reforça o papel da prefeitura de São Paulo na promoção da cidade como destino de lazer e preparada para o turismo.

“A cadeia produtiva paulistana precisa disso para contribuir com o município e os resultados das atividades turísticas no estado. Estimular a reabertura segura para eventos e lazer é um dos caminhos”, complementa.

ABIH-SP: números

Além da taxa de ocupação, os índices restantes também apresentaram variação negativa na comparação com o mesmo mês em 2019 — antes da pandemia. A diária média ficou em R$ 253,28 (retração de 14,35%) e o RevPar, por consequência dos baixos níveis da capital, também com queda de 44,59% — R$ 100,35.

Na análise da ocupação, maior identificada desde o início da pandemia, o crescimento se deve também à demanda reprimida. Após a reabertura das atividades nos municípios, os empreendimentos enxergaram o retorno do público para lazer.

Em seguida, para a diária média, a variação positiva frente o mês anterior ao pesquisado é consequência das férias escolares e também, como a ocupação, pela queda nas restrições.

Por fim, vale ressaltar que, pela primeira vez, 100% das propriedades que participam do levantamento mensal estão em operação. Em junho, o número já estava próximo do total, mas a concretização disso aconteceu em julho. A pesquisa alcançou 521 municípios, recolhendo números de 135 hotéis.

Olhar hoteleiro

Além de Roman Jr., a reportagem ouviu Antonio Reinales, que além de ser um dos vice-presidentes da ABIH-SP, também é proprietário do Reinales Plaza Hotel. Com esta e outras unidades no Centro da capital paulista, o executivo contribuiu com uma visão parecida do presidente da entidade. A ocupação passa a variar positivamente, mas os hotéis ainda buscam lucro.

“No meu caso, o que movimenta minhas unidades é a estada dos pequenos empresários do setor de compras de fora de São Paulo. Eles ficam hospedados por um ou dois dias e visitam centros comerciais, como Brás e 25 de março. Aliado aos visitantes de lazer aos finais de semana, compõem um resultado mínimo. Pagamos as contas, mas o desiquilíbrio financeiro ainda se mantém”, diz.

Em conformidade com o posicionamento da entidade, ele acredita que a retomada da diária média acontecerá lentamente. Em adição a isso, o retorno deve ocorrer, na visão de Reinales, com ajuda do marketing e divulgação dos órgãos públicos.

(*) Crédito da foto: Vinicius Pimenta/Pexels