Após três meses de quedas consecutivas, a malha aérea doméstica voltou a dar indícios de recuperação. De acordo com dados divulgados pela Abear (Associação Brasileira das Empresas Aéreas), maio registrou média de 1.046 partidas diárias, o equivalente a 43,4% da oferta de voos na primeira semana de março de 2020. Apesar do crescimento, ainda é cedo para projetar quando o setor retomará os níveis pré-pandemia.

Os resultados de maio apontam uma desaceleração da queda registrada em abril, quando foram operadas 854 decolagens diárias, ou seja, 35,6% da oferta regular. O crescimento da malha aérea este mês totalizou 7,8 pontos percentuais.

“Esse resultado mostra o reflexo positivo da vacinação para a leve recuperação da demanda por viagens aéreas domésticas na comparação de maio com abril. É importante lembrar, porém, que o severo impacto da pandemia na aviação ainda faz com que seja necessária a manutenção de medidas emergenciais para que possamos retomar a operação aérea de forma sustentável ao longo do tempo”, afirma Eduardo Sanovicz, presidente da Abear.

Desde maio do ano passado, as empresas aéreas iniciaram um processo gradativo de retomada, alcançando o pico de 1.798 decolagens diárias em janeiro, que representou 75% da oferta diária de partidas em relação ao início de março de 2020.

A chegada da segunda onda agravou a situação da pandemia no país em fevereiro, quando a média diária recuou para 1.469, ou 61,2% da malha pré-crise. Em março, a oferta diária de voos domésticos teve novo recuo, com 1.177 decolagens, ou 49% da oferta regular de voos.

Abear - retonada de malha - sanovicz

                      Sanovicz: oferta de voos responde ao aumento da vacinação

Abear: previsões

Ainda que o crescimento da malha aérea em maio seja motivo de otimismo no setor, Sanovicz explica que atingir os patamares pré-pandemia é necessário que ao menos 70% da população esteja vacinada. “O processo de recuperação da malha está diretamente ligado à imunização em massa. Na medida que isso se configure, está comprovado que a oferta reage bem. Entretanto, estamos mergulhados em um ambiente incerto e notícias de suspensão de produção de vacinas por conta da falta de insumos”.

O presidente da Abear alega que se o ritmo de fabricação das doses for retomado em uma velocidade superior a 40 milhões vacinados por mês, pode ser que até o fim de 2021 mais de 70% da oferta regular esteja em atividade.

Sobre o esvaziamento das demandas corporativas, Sanovicz destaca que o impacto afeta tanto o volume de passageiros quanto o valor do ticket médio. “O baque será permanente em partes, pois aquele executivo que comprava um bilhete de São Paulo para Belo Horizonte e voltava no mesmo dia, por exemplo, fará as reuniões online. Quando o motivo da viagem for o fechamento do negócio, ele vai se deslocar”.

Com a falta das viagens corporativas, o ticket médio chegou aos valores mais baixos da série histórica iniciada em 2002. “Hoje, nosso ticket médio é de R$ 370. As empresas precisam manter as medidas de redução de custo adotadas ao longo do último ano, bem como revisões internas, como a gestão e externas, como a própria malha aérea”, finaliza o presidente.

(*) Crédito da capa: juno1412/Pixabay

(**) Crédito da foto: Vinicius Medeiros/Hotelier News