Nosso ministro da Economia, sempre em tom otimista, já falou mais de uma vez que a recuperação da economia brasileira seria em V. Ou seja, ele prevê uma rápida recuperação da atividade econômica após a brusca e acelerada queda provocada pela pandemia. A projeção de Paulo Guedes, portanto, evitaria uma retomada no formato de outra consoante, em U, essa bem mais preocupante e, claro, demorada. Na hotelaria, os sinais de melhora são cada mais mais sólidos, o que têm se refletido na melhora dos indicadores das principais operadoras do país, como Atlantica, Nobile, Deville e Atrio, entre outras. Agora, podemos falar em recuperação em V como Guedes gosta de propalar? Na sessão Opinião de hoje (7), fizemos a indagação do título a Daniel Ribeiro, presidente do Grupo Tauá de Hotéis, para saber o que ele espera do ritmo de retomada do setor.


Primeiramente, vale situarmos o cenário dos nossos resorts para respondermos a essa pergunta. São amplas estruturas abertas, com muita área verde, que proporcionam contato próximo com a natureza. As três unidades, tanto o Tauá Resort Caeté (MG), quanto o Tauá Resort Atibaia (SP) e o Tauá Resort Alexânia (GO), estão localizados a aproximadamente 50 minutos de capitais, em transporte por carro. Isso permite que mais de 95% do nosso público não precise arcar com passagem aérea.

Um terceiro ponto que vale destacar é sobre nosso nicho de mercado. Atuamos fortemente com lazer e entretenimento para as famílias. Portanto, nossos hóspedes, em sua grande maioria, são famílias. Geralmente casais jovens, na faixa etária de 30 a 45 anos, com filhos de até 12 anos de idade. Existe um grande anseio desse público por lazer e entretenimento, passados mais de um ano em isolamento social. Importante destacar ainda que, com o dólar em alta e o fechamento de fronteiras por conta da pandemia, viagens internacionais estão sendo desconsideradas por muitas famílias.

Dito isso, e considerando que temos produtos diferenciados, como o primeiro Parque Áquatico Indoor da América Latina (fechado e aquecido) e um atendimento diferenciado para famílias, vejo que temos um cenário muito otimista para o segundo semestre de 2021. Em especial, vejo a nossa situação como muito privilegiada em relação ao mercado de hotelaria em geral no Brasil.

Com o avanço da vacinação contra o coronavírus no Brasil, queda no número de casos e também da taxa de ocupação hospitalar por COVID-19, acredito muito na retomada do Turismo no segundo semestre deste ano e temos dados que comprovam isso. Já tivemos nos meses de junho e julho, um faturamento melhor do que no ano de 2019. Ou seja, esse reaquecimento do setor já é real. A expectativa é que 2021 supere o faturamento pré-pandemia.

Daniel Ribeiro - Opinião_recuperação em V

 

“Com certeza, hoje, a nossa recuperação já está sendo em V. O público de lazer já retornou e está cada vez mais a vontade para sair de casa e desfrutar das experiências que tanto lhe fizeram falta nesse período de pandemia. Experiências essas que as famílias passaram a valorizar no último ano, justamente pela ausência dessas.”

Daniel Ribeiro, presidente do Grupo Tauá de Hotéis

 

 

Com certeza, hoje, a nossa recuperação já está sendo em V. O público de lazer já retornou e está cada vez mais a vontade para sair de casa e desfrutar das experiências que tanto lhe fizeram falta nesse período de pandemia. Experiências essas que as famílias passaram a valorizar no último ano, justamente pela ausência dessas. Importante ressaltar que, para segurança de todos, hóspedes e colaboradores, seguimos à risca todos os protocolos sanitários para controle da Covid-19. Também intensificamos atrações de lazer ao ar livre, como brincadeiras para crianças e, em especial, o Festival de Inverno, neste mês de junho, que conta com uma Vila Gastronômica, shows e brincadeiras, tudo ao ar livre.

Há também um outro perfil de público na nossa rede, que representa boa parte da ocupação dos nossos resorts. São as convenções empresariais. Estamos vendo um retorno gradual, com agendamentos já a partir de outubro de 2021. Até lá, a expectativa é que a vacinação da população adulta esteja completa. Para 2022 sabemos que há uma demanda reprimida muito grande, pelos eventos que foram cancelados ou deixaram de ocorrer por conta da pandemia.

Uma outra visão que tenho, que favorece o nosso cenário, é em relação ao home office estabelecido pelas empresas. Acredito que, com a continuidade do formato, a médio e longo prazo, ou com a adequação de um modo hibrido de trabalho, as convenções se tornarão cada vez mais necessárias. Serão momentos importantes para que as empresas possam reunir equipes de trabalho, ministrar treinamentos ou realizar lançamentos de produtos, por exemplo.

Vejo ainda que, para o seguimento da hotelaria que depende de avião, o impacto sofrido foi maior. O fechamento da Avianca e o encerramento de muitos voos acarretou em aumento no valor de passagem. Esse nicho ainda está sofrendo as consequências da pandemia. As viagens corporativas, por exemplo, foram substituídas por encontro virtuais. Isso traz também uma demora maior da recuperação de diária média e ocupação.

Então, para finalizar, a recuperação da hotelaria, especialmente do nicho de resorts, será em V e, em alguns casos, essa recuperação já está acontecendo.

(*) Crédito da capa: katgalamay/Pixabay

(**) Crédito da foto: Divulgação/Grupo Tauá de Hotéis