Com as mudanças climáticas cada vez mais evidentes em diferentes partes do mundo, o impacto ambiental vem sendo destaque em discussões globais. E a indústria de hospitalidade tem um longo caminho a percorrer para zerar suas emissões de carbono até 2050, segundo o estudo da EY Parthenon e Booking.com. Uma jornada que deve demandar investimentos na ordem dos € 768 bilhões, segundo divulgado pela Phocuswire.

O assunto, inclusive, vem sendo amplamente discutido durante a COP 26 (Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas), que acontece até o dia 12 de novembro, em Glasgow, na Escócia.

Do montante de € 768 bilhões, € 525 bilhões são destinados para investimentos que transformarão a produção de energia do setor mais verde.

O investimento multibilionário envolveria a implementação de tecnologias mais eficientes, como sistemas de aquecimento e refrigeração mais modernos, bem como a mudança para fontes de energia renováveis. O aporte necessário é o equivalente à receita anual combinada de todos os hotéis, de acordo com o relatório Road to Net Zero Emissions.

O estudo, que revela que a hospitalidade emite 10% do total das emissões anuais do setor turístico, também identifica as barreiras para a indústria na adoção de novas tecnologias, evidenciando a falta de urgência e de recursos financeiros.

E já temos alguns exemplos de empreendimentos da indústria de hospitalidade que estão empenhados em reduzir seus impactos ambientais. No ano passado, a Iberostar anunciou metas para neutralizar as emissões de carbono até 2030. No Brasil, a Pousada Alto da Boa Vista, em Campos do Jordão (SP), é a primeira zero carbono do país.

Em 2019, o Expedia Group se aliou à UNESCO para lançar um Compromisso de Sustentabilidade, que se expandiu rapidamente, e que hoje conta com 4,2 mil hotéis engajados em realizar ações concretas.

“Nos comprometemos a dar aos viajantes informações claras sobre escolhas sustentáveis em suas viagens e buscamos trabalhar com nossos parceiros de indústria para promover a sustentabilidade nas áreas em que de fato podemos fazer alguma diferença. É incrível ver o Compromisso da UNESCO se espalhando por redes hoteleiras, agências de promoção de destinos e governos que querem se envolver nesta importante missão. Ainda mais agora, que está mais fácil para hotéis se unirem ao Compromisso da UNESCO com o lançamento do site global do Expedia Group e da UNESCO”, afirmou Aditi Mohapatra, vice-presidente de Sustentabilidade e Impacto Social do Expedia Group.

Hospitalidade: mindset sustentável

Em termos gerais, os empreendimentos do setor se enquadram em três mentalidades quando se trata de levar a sustentabilidade a sério e agir:

– Espectadores: representam cerca de 32% do mercado. Não perseguem metas de sustentabilidade e apenas tomam medidas que ajudam a reduzir custos.

– Participantes: somam cerca de 61% do setor, ficam felizes em tomar medidas, mas a sustentabilidade vem em segundo plano em relação aos objetivos principais do negócio.

– Pioneiros: representam os 7% restantes e são aqueles que estão direcionando proativamente ações mais sustentáveis.

O estudo também destaca quatro passos que a indústria pode dar para chegar a zero emissões, incluindo uso mais eficiente dos recursos naturais, comportamento sustentável dos hóspedes e funcionários, bem como transição para fontes de energia renováveis.

Enquanto os consumidores dizem que estão preparados para viajar de forma mais sustentável e sentem certa responsabilidade em relação ao impacto no planeta, a maioria acredita que a grande parcela é dos governos e da indústria.

Um relatório do Lufthansa Innovation Hub revela que cerca de um quinto dos consumidores sentem que os governos e a indústria deveriam arcar com os custos. No geral, 59% de todos os entrevistados acreditam que a sustentabilidade é responsabilidade da indústria de viagens, 53% dizem que é dos cidadãos, 49% dizem que é da indústria da aviação e 49% acreditam que os governos precisam assumir a responsabilidade, de acordo com um relatório do Skyscanner

Sentimento do consumidor

Além disso, muitos viajantes não acreditam que as iniciativas de compensação de carbono ajudem a reduzir as emissões globais, mas entendem que uma solução poderia ser o combustível de aviação sustentável, bem como aviões mais eficientes.

Mesmo que admitam que os governos e a indústria que devem assumir a responsabilidade por impulsionar a sustentabilidade, a maioria dos consumidores diz que está fazendo escolhas mais sustentáveis ​​do que há um ano.

De acordo com o relatório do Skyscanner, 58% dizem que estão mais convencidos do que nunca de que todos precisam desempenhar um papel no cuidado do planeta. Além disso, 40% dizem que a pandemia os fez perceber que precisam fazer mudanças e tomar ações mais sustentáveis.

Os entrevistados também disseram que estão dispostos a pagar até um quinto a mais pelas passagens se os fornecedores oferecem opções mais sustentáveis. Ainda não está claro se isso aconteceria na prática. De acordo com o relatório da Lufthansa e Hopper publicado no início deste ano revela que os consumidores não seguem o que falam.

(*) Crédito da foto: Reprodução/Phocuswire