A 2ª edição da Jornada Resorts Brasil, realizada hoje (1), debateu a importância dos dados na tomada de decisões e gerenciamento de resorts. O evento, que apresentou pesquisas atuais do segmento, teve como objetivo mostrar o valor da informação de qualidade para tomada de decisão em tempos de incerteza.

Pesquisa realizada pela BCG (Boston Consulting Group), apresentou dados atualizados do último ano e trouxe reflexões e projeções sobre o futuro dos resorts no Brasil. Foram utilizadas informações de 116 resorts e aproximadamente 28,6 mil quartos para a produção da amostragem.

Desses empreendimentos, 69 se encontram em destinos de praia e 47 no interior, sendo 49% no Nordeste, 27% no Sudeste, 16% no Sul e 9% no Centro Oeste. Na base de dados da JLL não consta nenhum resort na região Norte do país.

Ricardo Mader

Ricardo Mader, da JLL Hotels 

“O setor não estava preparado e foi pego de surpresa nessa pandemia, especialmente o segmento de resort, que carece de mais informações e, também, de se organizar melhor para aperfeiçoar gestão, maximizar resultados e se preparar para situações inéditas como essa”, explicou Ricardo Mader, Managing Director da JLL Hotels & Hospitality Group.

Ainda assim, os dados apontam que o setor de resort foi menos impactado do que a hotelaria urbana. Contudo, o segmento sofreu com os reflexos da pandemia. Em 2020, houve queda de 48,3% na taxa de ocupação em relação a 2019. O decréscimo no indicador e no RevPar  também resultou em retração de 90,9% no GOP na mesma base de comparação.

Para Mader, o RM (Revenue Managment) é a grande ferramenta que o segmento tem para trabalhar a demanda, por isso é tão importante ter uma base de dados confiáveis e assertiva sobre o setor. “Essa é a grande estratégia que o setor tem que focar daqui pra frente.”

Leone, sócio da BCG

Eduardo Leone, sócio da BCG, complementa que estes dados ajudam a saber não só como precificar quartos e melhorar seu sistema, mas também a entender as necessidades dos clientes e precificar ofertas de maneiras mais dinâmicas e criar novos produtos e serviços. “Esse é um assunto que tem que estar no topo da agenda dos hotéis e resorts, principalmente no momento atual. É preciso tomar decisões de acordo com dados”, reforçou o executivo.

Jornada Resorts Brasil: Lazer x Negócios

Pensando em segmentação de demanda, a área de negócios apresentou queda de 59,4 pontos percentuais em 2020, enquanto o setor de lazer cresceu significativos 61,3%. Isso pode ser explicado pelo fato das pessoas buscarem momentos de relaxamento após passar um longo período isolados devido as restrições da pandemia do coronavírus.

Essas restrições também explicam outro dado, o de origem dos hóspedes. Houve crescimento de 7,8% no número de brasileiros em 2020, se comparado a 2019, enquanto o número de estrangeiros caiu 7,8 pontos percentuais.

Estes hóspedes também preferiram fazer reservas diretas, que predominaram em 53,3% sobre as realizadas por intermediários (46,5%), em 2020.

Aposta na vacinação para a recuperação do setor

O evento também trouxe reflexões e perspectiva para o futuro. A principal aposta é que os números melhorem conforme a imunização avança no país. “Estamos apostando tudo na vacinação. Acreditamos que, até o final do ano, tudo deve melhorar. Podemos fazer essa aposta olhando o mercado internacional, como México e Caribe. Temos visto os resorts terem uma performance boa lá fora, devido ao avanço da vacinação e flexibilização das restrições da pandemia”, acredita Mader.

Outra pesquisa, dessa vez realizada pela STR e apresentada no evento, fortalece a narrativa. Comparado à ocupação diária durante o período de 1 de janeiro de 2020 a 28 de agosto de 2021, é possível observar que as pessoas estão viajando mais a medida que estão sendo vacinadas no Brasil. Um dos principais picos que indicam isto ocorreu no dia 12 de junho, data em que é celebrado o Dia dos Namorados por aqui, quando houve uma taxa de 63% de ocupação diária nos resorts.

O crescimento é conciso e a ocupação vem reagindo mês após mês. A ocupação nos resorts, por exemplo, foi fortemente impulsionada em julho (mês das férias escolares), ficando apenas 6% abaixo do mesmo período do ano de 2019 (pré-pandemia).

Alguns resorts chegaram a apresentar 70% de ocupação em alguns finais de semana de julho.  Já a ocupação mensal dos empreendimentos em 2021 fica apenas 14% inferior quando comparada ao mesmo período de 2019.

Os resorts all inclusive lideram esta ocupação e tiveram a menor queda na receita quando comparados aos de outras modalidades. Da mesma forma, as unidades localizadas no litoral apresentaram uma queda menor em receita, quando comparados aos do interior.

A Jornada Resorts Brasil terá mais três paradas até o final do ano, respectivamente no meses de outubro, novembro e dezembro.

(*) Crédito da foto de Capa: Lukas Blazek/Unsplash

(**) Crédito da foto Ricardo Mader: Divulgação/JLL

(***) Crédito da foto Eduardo Leone: Reprodução/BCG.