Pedro Novais, ministro do Turismo aliado de Sarney
(foto: maranhaohoje.com.br)

 
Pedro Novais, ministro do Turismo, só pode ter caído no ardil de quem não quer ver o setor e seu mandatário sob um óculo próspero. Mesmo tentando permanecer longe dos holofotes opalescentes da mídia, o político, levado ao primeiro escalão por obra do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), acabou por esses dias ganhando alguns olhares malévolos – quando viabilizou para a governadora do Maranhão, Roseana Sarney (PMDB), uma verba de R$ 20 milhões para financiar uma das promessas da campanha da aliada.
 
Conforme revelou O Globo, o montante de todos os outros acordos assinados com estados e municípios na pasta do turismo não chegou a essa cifra. A responsável pelo número de sete dígitos? A Via Expressa de São Luís, que fará a junção de duas avenidas da capital maranhense, vendida por Roseana nos idos da campanha eleitoral no ano passado.
 
Nem o MTur (Ministério do Turismo) nem o site do governo do estado do Maranhão listam a obra como prioritária. No limite, a inauguração da rota coincidiria com o aniversário de 400 anos da cidade, que ocorre em setembro do próximo ano, mas não há nada muito específico em relação ao setor. Em nota, o MTur até tentou advogar a favor da medida, articulando que a obra é parte do Prodetur (Programa de Desenvolvimento do Turismo).
 
Nessas condições, esperava-se que a estupefação, que se seguiu à fantástica derrocada do ministro do Turismo, desse lugar à racionalidade e ao menos uma análise desse caso sórdido fosse feita. Ora, nada disso ocorre, e como um animal da fábula nietzchiana de Zaratustra, que “se ajoelha como camelo e quer que o carreguem bem”, a imprensa do setor permanece apática, minguada ao cotidiano de quem vive com antolhos.
 
Muito longe de atribuir os ocorridos a qualquer tipo de complô, há de se rever o que figura no nome do mandatário do turismo tupiniquim para não levantar questionamentos infundados. Maranhense, ainda que se mantenha com a postura mineira de quem come pelas beiradas, Novais vem aos poucos construindo seu estereótipo de sorrateiro.
 
Em janeiro passado, durante seu discurso de posse, defendeu-se das acusações de que teria pedido ressarcimento à Câmara dos Deputados de uma nota fiscal no valor de R$ 2.156 por uma festa num motel em São Luís. Alegou não ter cometido nada que o envergonhasse e que as acusações se tratavam de “campanha de calúnia”. Apesar de não estar ruborizado com o que havia feito, ele devolveu o montante aos cofres públicos.
 
Aos escândalos, soma-se o pífio desempenho que, dizem, preocupa a presidente Dilma Rousseff. Em meados de abril, a revista Isto É publicou reportagem afirmando que Novais, junto a outros três ministros, estava na geladeira. No caso do responsável pela pasta do Turismo, foram a habilidade com os motéis maranhenses e a falta de timbre com o setor que o denegriram frente à chefe da Nação.
 
Em se tratando da falta de tato com o turismo, Novais deixou clara a inabilidade no final de abril último, durante sua primeira estreia pública na Comissão de Desenvolvimento Regional e de Turismo do Senado. À época, afirmou não apitar nada nas decisões centrais sobre a Copa e as Olimpíadas, fazendo uma definição um tanto quanto esdrúxula do turismo. “Fazer um check-up no Incor, hospedar-se no Fasano e ver a Bienal é turismo”, teorizou.
 
Num cenário no qual as questões técnicas do turismo estão de lado desde sempre, fica tangível que o jogo político se sobrepôs ao interesse público e, se a coisa continuar caminhando na mesma ordem, até mesmo o fazer política tende a naufragar. Assim, Pedro Novais tem muito que esclarecer para se manter minimamente em pé frente a essa desmoralização da pasta que representa e, por conseguinte, de sua figura.