O bairro da Liberdade, na região central de São Paulo, é conhecido como um pedaço do Japão dentro do Estado de São Paulo – a locomotiva do País. Hoje a região é uma das mais visitadas por turistas de todas as partes do Brasil e do mundo. Seja pela decoração que remete às antigas ruas de comércio do Japão, pelos restaurantes onde a verdadeira culinária nipônica pode ser degustada (sem cream cheese no temaki!) ou pelo Templo Busshinji, da comunidade zen-budista na Rua São Joaquim.

A história do bairro da Liberdade certamente envolve todos os descendentes de japoneses de alguma maneira. Os primeiros japoneses desembarcaram do navio Kasato Maru, no Porto de Santos, em 1908, mas foi somente em 1912, quatro anos depois, que o bairro da Liberdade – especificamente a Rua Conde de Sarzedas  – se viu tomado pelo povo do oriente, ainda que uma grande parte, em um primeiro momento, tivesse optado pelo interior de São Paulo por conta das muitas oportunidades de trabalho na lavoura. De forma gradativa, o bairro foi adquirindo as características da etnia predominante e as atividades comerciais foram crescendo, tornando o bairro da Liberdade em uma extensão do Japão e atraindo pessoas de diferentes partes do País, interessadas na gastronomia, na moda, no artesanato e na cultura nipônica.

Em 1965, a Associação de Confraternização dos Lojistas do Bairro da Liberdade, precursora da Associação Cultural e Assistencial da Liberdade (ACAL) é fundada sob presidência de Yoshikazu Tanaka, com o objetivo de defender os interesses do bairro perante as autoridades municipais e estaduais. Nessa época, a entidade promove encontros com os responsáveis pela Secretaria de Segurança Pública e Polícias Civil e Militar com o intuito de brecar o avanço da criminalidade na região. Dois anos depois, em 1967, o bairro recebe a visita do Príncipe herdeiro Akihito e da Princesa Michiko, hoje o casal imperial do Japão. Durante a década de 1960, as atividades e interesses dos japoneses em São Paulo são conduzidas pela Associação Cultural Japonesa (hoje Sociedade Brasileira de Cultura Japonesa) e pela Associação dos Lojistas, as duas entidades mais representativas da comunidade.

O Nascimento da Feira da Liberdade
Durante o final dos anos 60 e início da década de 1970, aconteceram muitas mudanças na região. Com a chegada da estação de metrô, alguns pontos comerciais das ruas Galvão Bueno e Avenida Liberdade desapareceram. A Liberdade foi deixando de ser um reduto exclusivo de japoneses, já que muito deixaram a região de vez ou fixaram residência em outros bairros de São Paulo, mantendo apenas seus estabelecimentos comerciais na Liberdade. Este foi um dos fatores que ocasionou o aumento de chineses e coreanos na região.

Simultaneamente a isso, no entanto, o bairro passou a oferecer outros atrativos que não apenas comércio e restaurantes. A praça da Liberdade passou a ser utilizada para a realização de outros eventos como o Bon Odori, dança folclórica japonesa e também a abrigar apresentações de cantores e artistas japoneses. Também nessa mesma época, graças à iniciativa da Associação da Liberdade, o bairro recebeu a famosa decoração no estilo oriental, com a instalação das lanternas Suzurantô.

Em 1974 foi inaugurada a Feira Oriental, organizada sempre nas tardes de domingo, com barracas de comida típica, artesanato e outros produtos. Hoje, a feira também acontece aos sábados. Na ocasião de comemoração dos 70 anos de imigração chinesa, em 1978, iniciou-se a prática do Rádio Taissô, que consiste em exercícios físicos orientados por um especialista na praça do lado da estação de metrô.

O que fazer no bairro da Liberdade?
Além da Feira Oriental, carro-chefe entre as atividades que o bairro promove, existe uma série de atividades culturais, realizadas com o apoio da ACAL – Associação Cultural e Assistencial da Liberdade que fazem parte do calendário anual do município.

Abril – Hanamatsuri – Festival das Flores, em conjunto com a Federação das Seitas Budistas. O desfile do grande elefante branco carregando o pequeno Buda acontece no sábado.
Junho – Campeonato de Sumô da Liberdade – Grande campeonato com atletas de todo o País. É realizada a seleção dos atletas juvenis que representarão o Brasil no Campeonato Mundial de Sumô. A arena e as arquibancadas são montadas em plena praça.
Julho – Tanabata Matsuri – Festival das Estrelas, em conjunto com a Associação Miyagi Kenjinkai. As principais ruas do bairro são enfeitadas com bambu e grandes enfeites de papel simbolizando as estrelas. Visitantes deixam papéis com pedidos.
Dezembro – Toyo Matsuri – Festival Oriental com apresentação de várias manifestações culturais do oriente. Também é quando o bairro recebe o Nobori (bandeiras verticais coloridas).
Dezembro – Moti Tsuki – Festival de Fim de Ano, quando o arroz é socado em pilão para a confecção do moti (bolinhos de arroz) que é distribuído aos presentes para boa sorte. Sempre é realizado no dia 31 de dezembro.

Onde hospedar-se no bairro da Liberdade?
A região atende a todos os perfis de viajantes. Confira abaixo, links de alguns meios de hospedagem localizados no bairro ou em seu entorno.

hostelvergueiro.com
nikkeyhotel.com.br
akasakahotel.com.br

Fachada do Nikkey Palace Hotel, um dos mais tradicionais da região
(foto: Leonardo Hirai)

Serviço
culturajaponesa.com.br
cidadedesaopaulo.com.br

* Crédito da foto de capa: Andre Stefano
*Fonte consultada: site culturajaponesa.com.br