(imagem: pixabay/geralt) 

Depois de dez anos anotando consecutivas subidas, os chamados meios de hospedagem urbanos do Brasil, que em síntese são os hotéis e flats, registraram queda no resultado operacional em 2015, na comparação com o ano anterior. O dado foi veiculado na pesquisa Hotelaria em Números, realizada há 23 anos pela JLL Hotels & Hospitality, que considera o resultado fruto da piora no cenário econômico, principalmente do encolhimento de quase 4% do PIB, e do aumento da oferta hoteleira no País.

A amostra pesquisada para esta edição totaliza 500 hotéis, resorts e flats e traz informações e dados sobre seu desempenho operacional no ano passado. Para compilar os números, a organização pesquisadora conta com a colaboração do Fohb (Fórum de Operadores Hoteleiros do Brasil). 

Para os pesquisadores, o indicativo não era esperado, sobretudo quando levado em conta o esforço do setor em causas como a adoção de programas para redução de custos nos últimos dois anos. Como alento, a pesquisa alerta porém que no longo prazo, o setor hoteleiro no Brasil continua atraindo investidores, principalmente estrangeiros, que podem se beneficiar da atual conjuntura. 

O relatório esmiuça os números negativos explicando que RevPar (receita por apartamento disponível), registrou em 2015 queda de aproximadamente 15% em relação ao ano anterior, depois de dez anos de crescimento seguido até 2014. Sendo assim, confirma-se o que a edição anterior do estudo apontava nesse sentido. Os principais mercados hoteleiros do País registraram queda no RevPar em 2015: Belo Horizonte (39%), Rio de Janeiro (27%), Brasília (26%), Porto Alegre (21%), Salvador (15%), São Paulo (8%) e Curitiba (2,4%).

A piora do índice, combinada com o aumento da inflação, que ficou próxima de 10% no ano passado, impactou negativamente as margens de lucro dos hotéis: o GOP (Lucro Operacional Bruto), que em 2014 foi de 36% sobre a receita total, caiu para 28,5% em 2015.

O fraco desempenho econômico afetou a taxa média de ocupação de hotéis e flats, que em 2015 chegou a ficar abaixo dos 60%, o que não acontecia desde 2006. Mesmo diante desse cenário, as diárias médias vinham apresentando crescimento até 2014. Porém, no ano passado, diante do forte declínio das taxas de ocupação, os hotéis precisaram adotar políticas de preços mais agressivas, o que consequentemente derrubou o valor das diárias médias, que caiu 7% em relação a 2014.

A taxa de ocupação também foi pressionada para baixo por conta do aumento da oferta, que em 2015 cresceu 4,2%. O maior crescimento foi registrado em hotéis afiliados às redes domésticas e internacionais: 9,2%. A oferta atual estimada em solo brasileiro é de 10.206 hotéis e 521.585 quartos.

Resorts aparecem no caminho inverso
Desde 2013, o desempenho dos resorts vem apresentando uma tendência de melhora, impulsionada principalmente pela desvalorização da moeda brasileira. Com o Real mais fraco em relação ao dólar, muitos brasileiros cancelaram viagens internacionais e procuraram destinos domésticos mais econômicos e, também para o turista estrangeiro, o Brasil tornou-se um destino mais barato.

Em 2015, a taxa de ocupação dos resorts ficou em 57%, alta de sete pontos percentuais em relação a 2014 e só não houve um crescimento maior por conta da diminuição no segmento de grupos corporativos.

O estudo também registrou um crescimento de 4% no faturamento médio, que apesar de não ter acompanhado o nível de aumento das taxas de ocupação, é um resultado bastante positivo se comparado com a queda de 15% na receita dos hotéis.

O que esperar?
Para o exercício de 2016, a perspectiva da consultoria também é de que o desempenho dos hotéis apresente nova queda, todavia, há algumas movimentações em observação. A mais importante delas é a possibilidade de estabilização política e de recuperação econômica. 

Segundo a JLL, de modo geral, a oferta hoteleira no País não deve crescer nos próximos anos a ponto de impactar as taxas de ocupação nos principais mercados, com exceção do Rio de Janeiro, que de 2014 até 2017 deverá ter um acréscimo de mais de 50% no número de quartos.

Ricardo Mader, diretor da JLL Hotels & Hospitality, argumenta que a pressão inflacionária também deve continuar a impactar negativamente as margens dos hotéis esse ano, porém há perspectiva de melhora já no segundo semestre. "À medida que os investimentos diretos voltem a crescer e a inflação continue apresentando as recentes tendências de queda, há possibilidade de que as margens possam começar a esboçar uma recuperação". 

Ele aponta ainda que a tendência mundial de consolidação das redes hoteleiras pode tomar mais corpo no Brasil ainda este ano, como uma estratégia para enfrentar as recentes ameaças ao setor, como as OTAs e novos negócios de hospedagem como o Airbnb.

"As redes hoteleiras também deverão aproveitar este momento para expandir sua presença ou lançar novas marcas no País, por conta da maior disponibilidade de hotéis sendo colocados à venda por proprietários que entraram no setor hoteleiro para diversificação de investimentos e agora começam a mostrar intenções de vender esses ativos", diz Mader.

Serviço
www.jll.com.br/brazil
fohb.com.br