Em 2023, a Marriott International alcançou patamares robustos de desenvolvimento na América Latina e Caribe. No período, a gigante hoteleira quase dobrou o número de conversões orgânicas na região frente a 2022, com 57 transações e cerca de 7,3 mil quartos, encerrando o ano com um pipeline de 24 mil UHs. O Brasil, é claro, está nessa conta e é motivo de otimismo para a expansão da rede.

Mesmo com desafios econômicos, não podemos esquecer de importantes aberturas nos últimos anos, como o JW Marriott Hotel São Paulo e o The Westin Porto de Galinhas. O Brasil ainda possui mais empreendimentos previstos, como o W Gramado ou o JW Marriott que será inaugurado no Complexo Maraey, em Maricá (RJ). Agora, o setor que tanto aguardava a confirmação do primeiro City Express em terras tupiniquins já pode comemorar.

Em entrevista à reportagem do Hotelier News, Federico Greppi, diretor Financeiro, de Operações de Franquia e Relacionamento com Proprietários para a América Latina, comenta a aquisição da empresa mexicana, que tem tudo a ver com o mercado brasileiro — majoritariamente composto por empreendimentos econômicos e midscale.

Greppi explica que a compra da rede foi baseada em três pilares: associados, proprietários de hotéis e hóspedes. “São nossas bases e sempre as escutamos. Anteriormente, nossos hóspedes pediam por um produto similar ao Airbnb, então criamos o Homes & Villas, há cinco anos. Em seguida, em nível global, faltava uma marca all inclusive, que lançamos há quatro anos. Nosso último feedback foi sobre a demanda por hotéis midscale e econômicos”.

O executivo afirma que membros do Marriott Bonvoy, programa de fidelidade da rede, viajam para praças secundárias e terciárias que não possuem hotéis de marcas como Courtyard e Four Points, o que gerou a necessidade de ingressar no segmento.

“É algo novo para nós, mas já contamos com 150 hotéis da City Express no México. E vamos chegar a outros países, como Costa Rica, Colômbia, Chile e Brasil”, adianta Greppi, destacando que o mercado brasileiro tem grande potencial para receber propriedades da marca.

A Marriott ainda pretende ingressar no mercado norte-americano com a City Express e Greppi revela que outros países fora das Américas estão em fase de negociações, como Japão e Índia. “É uma marca fácil”, avalia.

Federico+Greppi

Greppi vê Brasil com grande potencial

Mercado de luxo

Enquanto busca maior penetração no segmento econômico, a rede segue seus planos de expansão em seu mercado principal: o luxo. Greppi pontua que grande parte do desenvolvimento na categoria atualmente é baseado em branded residences. “Cerca de 90% dos projetos estão atrelados aos residenciais. É bom para todo mundo”.

Assim como o JW Marriott Hotel São Paulo é fruto de uma conversão do antigo Four Seasons, Greppi afirma que há mais espaço no mercado brasileiro para mais negócios similares. “É um bom exemplo que tem impactado o mercado. Enxergamos o Brasil com grande potencial em todas as categorias e segmentos”.

Questionado sobre possíveis investimentos em multipropriedade, o executivo pontua que a Marriott atua com uma operação mais “clean”. “Nosso core business é administração de marca com o objetivo de ter o mínimo custo. Quando pensamos em operações mais complexas, perdemos isso”.

Brasil x México

A verdade é que, como uma nação de níveis continentais, o Brasil ainda engatinha quando falamos do interesse de redes multinacionais. Para se ter uma ideia, o México possui 270 propriedades Marriott, enquanto o mercado tupiniquim totaliza apenas 13. Anteriormente, outros executivos da rede apontaram o desejo de crescer esse número, mas fica o questionamento sobre o que falta para a hotelaria brasileira deslanchar nos pipelines globais.

Greppi traçou um paralelo entre os dois países. Além da óbvia demanda de norte-americanos em solo mexicano — o que já traz uma ampla vantagem, o executivo destaca o desenvolvimento do mercado de capitais.

“O México, além de sua proximidade com os EUA, possui um mercado de capitais mais desenvolvido, o que facilita a expansão hoteleira. No Brasil, a falta de investidores profissionais também é um empecilho, além de ser um mercado que se nutre da demanda de países vizinhos, como Chile, Argentina e Peru”, finaliza.

(*) Crédito das fotos: Divulgação