Toni Sando, presidente executivo do SPCVB
(fotos: Filip Calixto)

Imagine uma debutante nos bastidores da festa que comemora seu mais importante aniversário até então. Via de regra, a data é contornada por expectativas, esperanças de projetos arriscados e necessidade de novos ares. Agora pense num aniversariante que assopra sua 30ª vela. O natural é que seus planos já estejam mais maduros, em parte concluídos, e que suas metas sejam mais direcionadas. A mescla desses dois perfis é o que pode traduzir com mais exatidão a fase do recém-trintão SPCVB (São Paulo Convention & Visitors Bureau).

Fundado em 11 de novembro de 1983, a instituição paulistana completa mais um ano gozando de prestígio junto ao mercado de turismo estadual e – adaptando o ditado – acreditando piamente que a vida começa aos 30. Para tanto, o órgão segue com novos projetos e tentativas de inovação, a fim de angariar novos associados e disseminar a essência que o criou: aumentar o fluxo de visitantes no destino.

Sem acepção de classes, a entidade hoje congrega 700 empresas afiliadas, de 61 segmentos diferentes de atuação. Instalada no 12º andar de um edifício na Alameda Ribeirão Preto, na Bela Vista, São Paulo, a organização conta com 26 cidades associadas e 30 colaboradores espalhados em seis áreas de gestão.

Na estrutura organizacional são 34 instituições membras do Conselho Curador – essas foram responsáveis pela criação do SPCVB, que tem a alcunha Fundação 25 de Janeiro como nome oficial -; dez executivos e empresários integrantes do Conselho de Administração; e 12 participantes do Conselho Consultivo.

“Este ano a gente inovou muita coisa e a ideia é essa mesmo, a cada ano se recriar”, sintetiza Toni Sando, presidente executivo da organização. Segundo ele, o principal destaque da temporada foi a criação de uma marca com produtos exclusivos sobre a cidade. A marca, chamada Visite São Paulo, funciona independente da instituição e no ano 30 do SPCVB deve ganhar mais espaço, agrupando-se a um conjunto de ações planejadas para o período.

Diverso entre as empresas associadas e em meio a sua própria equipe, o convention da capital paulista comemora suas três décadas olhando para as próximas que podem chegar; querendo aumentar os resultados e ganhar mais notoriedade no setor.

Por Filip Calixto


Como parte das comemoração dos 30 anos, o SPCVB recebeu uma
Salva de Prata pelos serviços prestados à cidade

Conceito orientador: fazer do turista uma visita
“O indivíduo, que sai da cidade de sua residência, que sai de seu país e vem a São Paulo, seja para lazer, para se encontrar com pessoas, amigos, para uma feira, para um show; para nós não é um turista, é um visitante. Ele vem nos visitar, conhecer nossa cidade, e temos que acolher bem essa pessoa para criar uma lembrança positiva, não só para que fique satisfeito, mas também para que fique com vontade de voltar; e voltar, de fato, a nossa cidade”, o discurso é do francês Roland de Bonadona, 1º vice-presidente do Conselho de Administração do SPCVB e resume o conceito que embasa todas as ações da entidade: tornar o turista visitante.

Atual COO do grupo Accor para a América Latina, Bonadona divide as decisões da parte administrativa, por parte da Administração, com Juan Pablo De Vera Barbieri (presidente), Raul Souza Sulzbacher, vice-presidente financeiro, além dos sete vice-presidentes conselheiros, Carlos Eduardo Hue, Chieko Aoki, Guilherme Paulus, Orlando de Souza, Regina Paiva Noronha, Rui Manoel Oliveira e William José Périco.

Há também o Conselho Consultivo formado por Alberto Vidigal, Altino João de Barros, Alvaro Aoas, Annie Morrissey, Caio Calfat, Caio Carvalho, Eduardo Sanovicz, Ibrahim Georges Tahtouh, Luiz Paulo Luppa, Rooselvet Hamam, Tarsicio Gargioni e Walter Patriani.

Ainda de acordo com o primeiro vice-presidente, dentro dessa perspectiva, de tornar o turista uma visita, é essencial apresentar duas virtudes nos serviços de recepção. São elas as duplas eficiência e agilidade, além de simpatia e calor humano.

“O primeiro item desse conjunto de qualidades visa atender as necessidades dessas pessoas. Já a segunda parte é um tanto mais complicada, envolve a qualidade dos contatos que ele terá com as pessoas que encontrar durante sua estadia na cidade”, articula.


"Falamos sempre em transformar o viajante em visitante e, para
fazer isso, é necessário criar ações integradas de hospitalidade"

Nessa mesma linha de raciocínio, Sando explica, “É comum uma pessoa vir ao município por um evento segmentado, específico, e acabar aproveitando tudo que a cidade oferece, de uma forma ou de outra ela acaba fazendo o turismo. Falamos sempre em transformar o viajante em visitante e para fazer isso é necessário criar ações integradas de hospitalidade para que assim todo mundo esteja envolvido”, comenta. “A hora que acontece uma feira em algum ponto de São Paulo a cidade precisa saber que está acontecendo, o taxista precisa saber, o policial militar precisa saber, o profissional do transito precisa saber e este é nosso papel, mobilizar toda a cadeia produtiva para o bom serviço e para a boa recepção”, complementa.

Sobre essa questão, de melhorar o serviço para agradar mais, incide uma das frentes mais atuantes do São Paulo CVB, os projetos de qualificação e capacitação profissional.

Capacitações
“Desse modo, e nesses pontos o São Paulo Convention & Visitors Bureau tem importante atuação de capacitação e treinamento das pessoas por duas coisas”, inicia Bonadona. “Primeiro junto com pessoas do receptivo para que as elas entendam o quão importante é esse contato que terão com o visitante, fazendo com que seja o contato símbolo de calor humano e de hospitalidade. Segundo com profissionais que prestam serviços como o taxista, o policial militar, o jornaleiro – que eventualmente darão uma informação -, pois são pessoas que irão lidar com o turista sem saber que estão em um momento chave da presença dele na cidade, que estão participando da construção dessa lembrança positiva, a qual fará com que o turista queira voltar sempre”, enumera.

De acordo com o executivo, este tipo de iniciativa sempre esteve no DNA da organização e, por consequência, contribui na criação de experiências positivas que se traduzem, depois, para mais visitantes na cidade de São Paulo e em nossas cidades associadas.

Não se contentando com o já realizado na área de qualificação, para 2014 a instituição pretende ampliar as realizações da Academia do Visite São Paulo – espaço que recebe os treinamentos com profissionais associados. A intenção é organizar atividades com mais frequência e abordando temas pouco explorados.


Com sede na região central de São Paulo, a equipe do SPCVB conta com 30 pessoas

Mantenedores
Como é tradicional em instituições do tipo do convention, a principal renda de subsistência é a mensalidade dos afiliados, que nesse momento se tornam os mantenedores. A presença dessas empresas, que arcam com R$ 300 mensais em média, foi alargada nos últimos cinco anos, passando de menos de R$ 500 para R$ 700.

A importância da colaboração dos mantenedores é frisada pela inglesa Annie Morrissey, presidente do Conselho Curador e ex-presidente da entidade. “O SPCVB construiu uma trajetória madura e sempre inovadora graças à cooperação de todos e, claro, dos mantenedores, razão de chegarmos até aqui e seguirmos firmes adiante”, detalha.

“Como fundação de direito privado sem fins lucrativos seu balanço contábil e fiscal passa por aprovação e controle da Promotoria de Fundações da Capital do Ministério Publico Estadual de São Paulo. Por isso, como representante das entidades no Conselho Curador que instituíram a Fundação 25 de Janeiro há 30 anos, reafirmo nossa missão de crescer com responsabilidade”, completa.

Não dispensando novos associados, Sando explica como é feita a afiliação de uma nova empresa. “Para ser associado, a empresa precisa ter pelo menos um ano em funcionamento, aí é feito uma pesquisa sobre uma possível restrição cadastral – o que vale para evitar que qualquer empresa haja com más intenções. Uma vez esse processo aprovado a empresa pode ser considerada associada”.

Sobre os benefícios que os mantenedores tem ao fazer parte do SPCVB, a entidade justifica que são três os principais: oportunidade de negócios, inteligência e informação, e promoção e mídia.

“Quando um evento chega as empresas que vão atender precisam de outras que prestam serviços de acordo com as necessidades de cada convenção e é aí que o convention entra; com a expertise de indicação e de uma rede colaborativa. Outro benefício são os muitos dados que a instituição oferece para que esse associado tome suas decisões. Eles tem informações privilegiadas sobre calendário o que possibilita a montagem de estratégias específicas para um determinado período. Na parte de promoção e mídia o afiliado pode anunciar no portal, no site, nos produtos; assim ele pode vincular a marca e o produto dele a uma representação da cidade. Uma outra vantagem é a oportunidade que este afiliado tem de participar de eventos de capacitação, que a entidade faz periodicamente”, afirma o presidente executivo.

História
Primeiro Convention & Visitors Bureau da América do Sul, o SPCVB nasceu e funciona até hoje como uma fundação estadual de direito privado, sem fins lucrativos. Criada para ampliar o volume de negócios e o mercado de consumo na cidade, por meio da atividade turística, a entidade teve sua cerimônia de início de ações no Salão Bandeirantes, do Hilton Hotel. Três anos após, a primeira grande iniciativa com a criação da campanha São Paulo Halley Festival. 

Desde então vem levantando algumas bandeiras a favor da maior movimentação do município. Causas como a volta do Grande Prêmio de Fórmula 1 à Interlagos – fato que ocorreu em 1990 – e a abertura de mais estabelecimentos comerciais aos domingos também marcaram os primeiros anos de atuação da organização.

Entre parcerias com shoppings e passeios guiados pelas áreas históricas da capital paulista, o convention iniciou um processo de integração com os moradores e com as empresas da cidade e com os visitantes que adotaram o destino como segunda casa.

“Nossa responsabilidade é muito grande por manter São Paulo ainda mais apaixonante, intensa e fraterna. Quando desembarquei pela primeira vez nesta cidade, na década de 1990, para participar de uma grande feira, percebi que o principal polo financeiro da América Latina tinha um diferencial em relação aos grandes centros econômicos mundiais. A identificação foi tão grande que acabei escolhendo ‘Sampa’ para viver com a minha família e seguir minha trajetória profissional”, revela o uruguaio Juan Pablo De Vera Barbieri, presidente do Conselho de Administração do SPCVB.

“Sinto-me muito orgulhoso por poder ajudar a construir mais um capítulo da história de uma instituição com tantos exemplos de sucesso”, comemora Barbieri que passa a citar alguns executivos que passaram pela administração da entidade ao longo de sua história. Entre os nomes mais conhecidos estão: Mario de Melo Faro, João Doria Jr., Roberto Gueler, Luiz Antonio Cabral, Altino João de Barros e os ainda integrantes da entidade Orlando de Souza e Annie Morrissey.

Todos estes nomes seguiram uma espécie de cartilha da entidade que elenca seis verbos como mandamentos para orientações de suas ações. São eles: chegar, movimentar, dormir, comer, visitar e comprar.

O atual presidente executivo da organização articula que um dos papéis fundamentais da associação é a atuação como agência de fomento e como entidade que busca o benefício do mercado como um todo e não apenas de segmento.


As canecas são alguns dos objetos que levam a marca Visite São Paulo. Os produtos devem
ganhar cada vez mais espaço nas ações da entidade

“Somos uma entidade mercadológica e não classista. Claro, estamos diretamente envolvidos com o turismo, mas a hora que agimos para favorecer esta área as outras que atuam no lugar estão envolvidas e tiram proveito. Afinal, você está trazendo gente que vai usufruir de todos os estabelecimentos e equipamentos que a cidade comporta. Resumindo, nosso papel é estimular, mobilizar e fazer com que as pessoas, de fato, levem a sério potencial que tem a atração de turistas chegando à cidade”, diz Sando.

Ações
A iniciativa recente mais comemorada e comentada pela equipe do SPCVB é a criação da marca Visite São Paulo, que traz produtos que levam a marca da cidade. A chancela funciona de forma independente da atuação do Convention e no próximo ano deve ganhar até espaço físico e virtual para comercialização.

“A proposta é criar uma boutique com produtos para venda. A princípio esse mecanismo de venda será feito de duas formas, o e-commerce e a loja física em feiras”, antecipa.


"A sensação que nós temos é que hoje está muito mais
claro qual é a importância do convention"

“Para 2014 também queremos incrementar esse sistema de cupons – o Benefício SP – buscando mais estabelecimentos que queiram oferecer seus produtos. Outro plano é criar um boletim chamado Acontece São Paulo, que compile informações com dois meses de antecedência. Assim a gente registra um mailing e uma lista de pessoas que virão à cidade e já tem programados eventos e opções diversão para seu período por aqui”, acrescenta.

Sobre a impressão que o mercado tem do SPCVB e das suas ações, o presidente executivo alega que a importância da entidade é bem menos questionada e mais evidente.

“Olha, a sensação que nós temos é que hoje está muito mais claro qual é a importância do Convention na relação com os equipamentos. E a nossa presença tem sido muito intensa nos hotéis, nos espaços de eventos. Temos promovido muitas ações”, justifica Sando.

Serviço
www.spcvb.com.br