(imagem: icmc-usp.blogspot.com)

A profissionalização do Turismo e o reconhecimento da atividade como motor importante da economia brasileira são bandeiras defendidas há tempos pelo setor. Os investimentos em capacitação tornam-se cada vez mais frequentes, a conquista da desoneração de impostos pode ser um benefício no que diz respeito aos recursos gastos pela hotelaria e o SBClass (Sistema Brasileiro de Classificação Hoteleira), ainda que criticável em alguns pontos, foi uma medida que visa a padronização da oferta hoteleira em prol do turista.

A produção de dados concretos e precisos sobre a atividade turística no Brasil também é parte importante deste contexto. Afinal, muito se fala sobre crescimento, bom momento e perfis de viajantes, mas os números ainda tendem a ser majoritariamente especulativos. Vê-se, no entanto, que o cenário está mudando gradualmente.

Algumas entidades do segmento hoteleiro, por exemplo, já produzem levantamentos e estudos mensais, semestrais ou anuais sobre os resultados de seus membros. Vale citar os casos da Resorts Brasil, que divulga estatísticas e cifras referentes a seus associados e o Fohb (Fórum dos Operadores Hoteleiros do Brasil), que publica, em parceria com o Senac, o InFohb, uma análise dos resultados das unidades geridas pelas redes, e ainda contribui para o Placar da Hotelaria, produzido pela HotelInvest.

Nos últimos meses, duas iniciativas governamentais foram implantadas, apontando um interesse também do setor público no sentido de uma melhoria no recolhimento e produção de informações a respeito dos hóspedes da hotelaria brasileira. Em outubro, o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comercio Exterior passou a exigir dos meios de hospedagem o registro de seus hóspedes estrangeiros. O objetivo é incluir o turismo como atividade de exportação brasileira.

Em outro flanco, mas mirando o mesmo público estrangeiro, o Ministério do Turismo já havia encomendado, em 2011, um estudo de demanda internacional. O documento apontava alguns pontos positivos e negativos salientados por 39 mil turistas internacionais entrevistados. Ainda que peça ações concretas, a pesquisa já e um subsídio que pode ser usado para melhorias que se fazem não só necessárias, mas urgentes.

Já no início deste mês, o próprio Ministério do Turismo estabeleceu um prazo para que os equipamentos hoteleiros das seis cidades-sede da Copa das Confederações de 2013 adaptem-se ao SNRHos (Sistema Nacional de Registro de Hóspedes). Com isso, a pasta quer mapear a movimentação dos visitantes do País. O uso da plataforma on-line deve estender-se, até julho de 2013, para os destinos que receberão jogos da Copa do Mundo de 2014.

Embora com ranços de uma mentalidade do “deixa para a última hora” que parece assolar a cultura brasileira como um todo, e sendo apressadas não pela necessidade básica do mercado, mas pela iminência de um período da visibilidade internacional, as iniciativas podem contribuir de forma positiva para o setor.

A precisão de dados é essencial em qualquer plano estratégico e está mais do que na hora do Turismo incluir essa prática em seus processos básicos. Ações de relacionamento e promoção internacional, melhoria nos pontos fortes – e fracos – do segmento, projetos de novos meios de hospedagem ou refreio no que pode gerar uma superoferta deles: tudo isso pode ser feito de modo mais efetivo quando os profissionais da área deixarem os lugares comuns de lado e olharem para números concretos.

Abandonar a supervalorização da simpatia brasileira em detrimento da real capacitação dos colaboradores; promover o destino mas ficar de olho na inflação desmedida de preços e tarifas – uma das reclamações dos estrangeiros na pesquisa de 2011. Deixar de lado a eterna crença de que o “bom momento” do mercado vai curar todos os males do segmento, e investir onde realmente há condições e demanda para tanto.

A hotelaria, quando de fato estes levantamentos forem concluídos e os números, abertos para consulta, só tem a ganhar. Para ficar em um só exemplo, o mapeamento dos hóspedes é um índice a mais que pode ser usado pelos revenue managers – figuras tão e tão celebradas atualmente no mercado – para traçar ações e planos tarifários de modo mais efetivo para os empreendimentos.

Resta ao setor torcer para que estas iniciativas não sejam apenas “para inglês ver” e que o governo entenda a necessidade da parceria a atuação conjunta entre o público e o privado para o constante aprimoramento do Turismo.