Plano Piloto
(foto: wikipedia.com.br)
 
Brasília completou 50 anos no início de 2010 e a cidade que foi desenhada e projetada ganhou vida própria e pulsa junto com seus moradores.

Chananda Tubert, gerente de operações do Sonesta Brasília Hotel, o mais novo da cidade em sua categoria, é enfática ao defender a cidade. “É preciso parar de vincular Brasília aos maus políticos. A cidade tem toda uma riqueza histórica e arquitetônica, além de moradores muito receptivos e muitas opções de lazer”, destaca.   

 
Chananda Tubert, do alto do Sonesta Brasília.
Ela nos recebeu durante nossa estada na cidade.
 

A viagem para a região central do país foi uma grata surpresa. Enquanto muitos acreditam que a cidade é um lugar onde não há absolutamente nada para se fazer, encontramos uma série de atrativos que – pasmem – contrastam entre si e dão um charme todo especial a cidade.

O Plano Piloto é extremamente limpo – quase sem sujeira no chão,  pixações ou mau cheiro nas ruas – e serve como exemplo para as demais regiões do país. Por mais que pareça clichê, a educação no trânsito também salta aos olhos. Isso sem contar o fato da cidade ser um “museu a céu aberto” – aliás, que céu! Os moradores costumam dizer que “nosso céu é nosso mar”. Isso porque os prédios baixos – as torres residenciais não podem ter mais de seis andares de acordo com o Plano piloto – e a localização geográfica no Planeta, permite uma visão privilegiada para quem circula por aquelas bandas.

Os cliques do hotel e do passeio você vai conferir nesta quinta-feira (23) na editoria In Loco Especial. Agora, vamos conferir os dados oficiais disponíveis sobre o turismo da cidade e declarações de quem vive nela.

Por Aline Costa

 
Talvez o único aspecto que falta de verdade para capital do país no quesito turismo seja a divulgação eficaz de seus atrativos, bem como a organização e veiculação mais adequada de seus dados turísticos.

“Uma das deficiências do turismo aqui em Brasília é a falta de dados oficiais. Estamos trabalhando junto a Secretaria de Turismo para estruturarmos uma unidade ‘observadora’ que compilará todos os dados do trade”, declara Plinio Mendes Rabello Jr, vice-presidente da ABIH de Brasília.


O Sonesta Brasília é o mais novo hotel
da cidade em sua categoria

 
O meio de hospedagem mais antigo da cidade é o Hotel Nacional. Entre os empreendimentos mais novos estão o Sonesta Brasília Hotel, Naoum Express e o Brasília Imperial, do Grupo Bittar. Além desses, a cidade conta ainda com a nova torre do Meliá e houve a troca de bandeira do Hotel Nacional, que passou da Blue Tree para BHG, como Golden Tulip.
 
Brasília recebe por mês um milhão de visitantes, dos quais cerca de 100 mil são turistas. Dados do CET-Unb, Centro de Excelência em Turismo da Universidade de Brasília, indicam que 3,4% dos turistas que vem à Brasília são estrangeiros. 
 
 
Quando falamos sobre o turista de lazer, o público é bem dividido entre homens e mulheres. Já entre os viajantes de negócios, a predominância é masculina. “Contudo, a presença feminina está aumentando e precisamos nos preparar para isso. A mulher participa cada vez mais dos negócios e da política”, ressalta Rabello.


A faixa etária e o grau de escolaridade mostra que tanto o turista que viaja a lazer quanto o que viaja a negócios é maduro e bem instruído.

“O nível de informação dos hóspedes é cada vez maior e o nível de exigência segue essa tendência. É necessário que a rede hoteleira se aprimore cada vez mais para fornecer um serviço a altura”, declara Plinio Mendes Rabello Jr, vice-presidente da ABIH de Brasília.

 


A média de gastos gira em torno de R$ 100 e R$ 300. Em uma cidade como São Paulo, por exemplo, esse valor pode chegar a R$ 500.

Vários moradores consideram os preços praticados em Brasília muito altos. Embora os salários sejam bem atrativos, na prática eles são apenas medianos, porque tanto moradia quanto alimentação demandam uma grande parcela do ordenado. Contudo, comparando os valores das refeições nos estabelecimentos onde nossa equipe esteve com os da capital paulista, os preços não assustaram tanto.
 

O transporte aereo é o mais utilizado por turistas para se chegar na cidade. O aeroporto de Brasília é o terceiro maior do país e em 2009 transportou cerca de 12 milhões de passageiros.

 
 
O índice de turistas que viajam a lazer e ficam na casa de parentes, supera o número de viajantes que se hospedam em hotéis. O valor da diária média na cidade é de R$ 180.
 
Segundo Rabello, o número de leitos na cidade aumentou cerca de 20%, passando de 17 mil para 22 mil. A ocupação média atual é de cerca de 58% durante a semana e 25% aos sábados e domingos.

 
“Muita coisa melhorou na hotelaria nos últimos anos, como a internet banda larga gratuita, televisores LCD e diversas inovações tecnológicas que ajudaram não só a aumentar o conforto dos hóspedes como também a segurança dos próprios empreendimentos, inclusive, no que diz respeito a modalidades de pagamento das diárias e dos eventos”, salienta o empresário.
 
Para Rabello, um item a ser considerado no que diz respeito ao hotéis é a questão da mão de obra. “Não é só uma questão de faculdade. Falta mão de obra especializada até mesmo para os serviços de ponta, com foco no atendimento”. Ele frisa que faltam cursos de capacitação para os mais diversos níveis – tanto em caráter técnico quanto de idiomas.
 
No que diz respeito ao idioma especificamente, tanto Rabello quanto Chananda afirmam que o programa Olá, Turista!, do Ministério do Turismo, tem sido de grande valia para os profissionais.
 

A maior parte dos turistas permancem na cidade entre dois e três dias. “A vocação da cidade são os negócios e eventos, mas temos buscado alternativas para aumentar e melhorar a permanência do turista”, declara o vice-presidente da ABIH. “A região tem muitas opções que envolvem aventura, ecologia, lazer náutico e turismo místico e religioso”, enumera.
“Alguns dos nossos atrativos não foram tão bem conservados, mas com uma forte movimentação do trade e dos órgãos responsáveis conseguimos resgatar o potencial do destino e, aos poucos, queremos aumentar a permanência dos turistas em pelo menos 50%”, projeta.

 
Linhas gerais
“A arquitetura moderna era feia antes de Brasília. O mundo inteiro tem inveja de nós”, declara Nicolas Behr, poeta que mora há 40 anos na cidade. Ele ressalta o fato da cidade ter sido toda desenhada com “linhas e água”.

“Saí do mato (Mato Grosso) para a maquete”, brinca. Para ele, outro traço marcante da cultura de Brasília é a busca por uma história, uma base mística para dar suporte a cidade, embora a Capital federal não tenha nascido de forma espontânea, e sim, implantada.

 
“Brasília é um conceito, uma ideia de explorar o Modernismo como um modo de vida. Mas quem curte mais esse ponto de vista são os estrangeiros”, comenta. “Brasília é também uma tradução da Carta de Atenas e é algo único ver como os habitantes reagem a essa formação”.


Sérgio de Sá, jornalista
 
“Eu vou para outras cidades para me perder”, brinca o jornalista Sérgio de Sá, se referindo a organização da cidade. Ele é neto de Bernardo Sayão, construtor da Belém-Brasília. “Brasília é uma cidade que foi pensada e projetada, mas que, claro, ganhou vida própria quando saiu do papel”, comenta com o saudosismo típico de quem não reconhece mais os bons tempos de infância na mesma cidade onde vive agora, já adulto e pai de duas filhas.

Ele conta que por causa da violência os jardins tiveram que ser cercados e que hoje já não é mais possível brincar na rua com a mesma liberdade de outrora. Mesmo assim, comparando-se com a situação de outras capitais brasileiras, Brasília ainda vale o passeio.

JK (único de gravata) cumprimenta Sayão
onde ele mais gostava de estar: na estrada
 
Música
Não dá para falar sobre a capital federal sem falar de música. “O pessoal aqui é muito antenado, sempre com um pé no mundo estrangeiro, até por conta da quantidade de diplomatas que temos aqui”, comenta Sá.

Talvez a banda mais conhecida da cidade seja mesmo a Legião Urbana. Behr conheceu os meninos de perto e é dele a letra de Nossa Senhora do Eixão, gravada por Renato Russo e companhia.

Nicolas Behr
 

O grupo surgiu nos anos 80 e é contemporâneo de Capital Inicial, Plebe Rude, Elite Sofisticada, Finis Africae, Peter Perfeito, 5 Generais, Filhos de Mengele e Detrito Federal. Esses grupos apareceram nos últimos anos da Ditadura Militar, após 20 anos de regime.

Antes deles, na década de 60, a cidade viu nascer Os Primitivos, Os Reges e Os Infernais. “Em 64 acabou a vibração que Brasília tinha antes”, declara Sá. Mesmo assim, em 70 a cidade vê nascer Matuskela, Tellah, Por do Sol e Mel da Terra e artistas como Oswaldo Montenegro e Cássia Eller

Depois, nos anos 90, surgiram Raimundos, Little Quail and the Mad Birds, Maskavo Roots, Low Dream, Oz, Sunburst, DFC, Os Cabeloduro, Câmbio Negro e Os Bois de Gerião. E como a música não para nunca, no início da última década a cidade ganhou grupos como Móveis Coloniais de Acaju, Askes, Prot(o), Suíte Super Luxo, Capotones, Velhos e Usados, Gilbertos Come Bacon e Lucy and the Popsonics. 

Serviço
www.abih.com.br
www.sonesta.com