Hoteleiros não aceitam reajustes propostos pela OTA
(foto: divulgação/ABIH)

Uma comitiva de hoteleiros, liderada por Dilson Jatahy Fonseca Junior, presidente da ABIH Nacional (Associação Brasileira da Indústria de Hotéis), participou na última sexta-feira (15) da segunda reunião de negociação com a Decolar.com, agência online que propôs o aumento de comissionamento de seus serviços de 13 para 15%, e de 19 para 22%, resultando em ambos os casos em um aumento real em mais de 15% em termos econômicos para a hotelaria brasileira.

A conversa parece longe de um consenso uma vez que os hoteleiros que já enfrentam certas dificuldades com o excesso de oferta e a escassez de turistas são veementemente contra o aumento, não só o considerando abusivo como também impróprio para o momento atual vivido pela economia.

Além de Fonseca Junior, a Comitiva de Negociação que foi à Brasília conversar com a Decolar.com contou com as presenças de Manoel Cardoso Linhares (vice-presidente da ABIH e da FBHA), Jaime Menin (executivo da ABIH Nacional), Manoel Andrade Lima Filho (diretor da ABIH-RN), Patrícia Coutinho (presidente da ABIH-MG), Fábio Kazuo Yamashita (diretor da ABIH-AL), Rodrigo Pinto (diretor  da ABIH-PB), João Bueno (diretor da ABR), Adriana Pinto (presidente da ABIH-DF) e Huilder Magno de Souza (Assessor Jurídico).

Na pauta da reunião, além da proposta de limitação do comissionamento de no máximo 10% a ser cobrado dos hotéis legalmente e das empresas formalmente registradas para atividade fim, a ABIH Nacional também propôs a metade do comissionamento aplicado para as demandas de imóveis em atividade caracterizada como concorrência ‘informal’; a carga tributária relativa ao comissionamento em que seja absorvida, a redução dos prazos de pagamento das faturas das vendas, a priorização em divulgação e visibilidade nos sites e demais meios de comunicação dos associados à Entidade, a criação de normas que visem um maior entrosamento e parceria no que diz respeito às defesas das ações de clientes, orientações dos casos referentes a tais processos decorrentes das atividades de responsabilidade da Decolar, que sejam mantidas as condições atualmente implantadas, não cogitando de forma alguma, nenhum tipo de majoração de percentual nos índices de comissionamentos, a Intensificação das campanhas de divulgação e vendas do destino interno Brasil, tudo isto com intuito de relatar e encontrar um caminho em busca da sobrevivência e do crescimento sustentável.

Mesmo depois de 2 horas e meia de conversas e negociações, a reunião não chegou a um bom termo para os hoteleiros que encontraram uma Decolar irredutível quanto a suspensão do aumento ou até da diminuição das taxas atualmente cobradas, dos hotéis regularmente implantados, que são muito superiores das taxas cobradas de outros setores do turismo.

Segundo Fonseca Junior, os representantes dos hoteleiros foram incisivos ao mostrar que o atual momento econômico e a impossibilidade de repassar esses aumentos para o consumidor, faz-se necessário um entendimento entre as partes, estimulando as parcerias para o bem de todo o mercado. “Esperávamos um pouco mais de compreensão da Decolar e ficou claro que isso não é possível, desta forma, a hotelaria brasileira não aceitará imposições que aumentem seus custos, e recomendamos aos associados que façam o bloqueio das vendas da Decolar.com”, afirmou.

Na semana anterior, a atitude de muitos hotéis e de ABIHs estaduais de bloquearem as vendas de Decolar já causou um alvoroço no mercado. Agora, com esta atitude unilateral e inoportuna da OTA, é possível a adesão de muitos outros hotéis em todo o Brasil. A Comissão de negociação espera o mínimo de coerência da agência on line e aguarda uma nova conversa que converta para se amadurecer soluções para ambos os lados, mas que não prejudique os clientes e nem o mercado.

A diretoria da ABIH Nacional, chama a atenção da extrema necessidade e urgência da regulamentação do setor, para impedir que o empresariado continue a ser surpreendido a cada dia com atitudes que atentem contra a viabilidade da atividade, tais como a excessiva carga tributária da hotelaria formalizada do Brasil, contra a concorrência desleal das ‘economias colaborativas’ que não pagam a carga tributária correspondente a da hotelaria, e agora este aumento descomunal do ex-grande parceiro da hotelaria formal, que passou a dar prioridade a venda dos concorrentes informais.

Defende ainda a atual diretoria da entidade nacional, que o governo regulamente urgentemente o setor ‘informal’ dos apartamentos residenciais, cobrando por intermédio das OTAs, para que estas retenham na fonte, e passem a ser corresponsáveis fiscais, dos mesmos percentuais de carga tributária que a hotelaria formal tem como obrigação.

“Será que o grande ‘legado’ que a hotelaria brasileira terá com o evento esportivo mundial das Olimpíadas, será o absurdo aumento dos custos comerciais?“, comenta o presidente Dilson Fonseca.

Minas sugere boicote parcial
Patrícia Coutinho, presidente da ABIH de Minas Gerais, sugere aos associados mineiros o fechamento da disponibilidade da comercialização dos hotéis por meio do site da Decolar.

“O aumento da porcentagem de comissionamento – de 19 para 23% – nas vendas pós-pagas inviabilizará a comercialização de hospedagens dos hotéis por meio do site. As OTAS deveriam ser parceiras dos hotéis na comercialização de hospedagens, afinal quem disponibiliza o produto somos nós. No entanto, a postura da Decolar demonstra total descompasso com a atual situação da hotelaria e com a grave situação econômica que passamos no Brasil. Trata-se de uma postura indelicada e inoportuna que demonstra total desacerto com a situação da hotelaria", enfatiza Patrícia Coutinho, .

Serviço
abih.com.br